20 de jun. de 2015

A MOMENTO DA MORTE É IGUAL PARA TODOS?



A certeza da vida futura não exclui as apreensões do homem quanto à desencarnação. Há muitos que temem não propriamente a vida futura, mas o momento da morte. Será ele doloroso? Tentando elucidar essas questões, Kardec inquiriu os Espíritos e deles recebeu a informação de que o corpo quase sempre sofre mais durante a vida do que no momento da morte e que os sofrimentos que algumas vezes se experimentam no instante da morte são um gozo para o Espírito.

É preciso, no entanto, que consideremos que a desencarnação não é igual para todos e que, ao contrário, há uma variação muito grande, tão grande quanto as diferentes formas de viver adotadas pelos encarnados. Vendo-se a calma de alguns moribundos e as convulsões terríveis de outros, pode-se previamente julgar que as sensações experimentadas nem sempre são as mesmas.

A separação da alma é feita de forma gradual, pois o Espírito se desprende pouco a pouco dos laços que o prendem, de forma que as condições de encarnado ou desencarnado, no momento do desenlace, se confundem e se tocam, sem que haja uma linha divisória entre as duas.

Alguns fatores podem influir para que o desprendimento ocorra com maior ou menor facilidade, fatores que estão relacionados com o estado moral do homem quando encarnado. A afinidade entre o corpo e o perispírito é proporcional ao apego do indivíduo à matéria, que atinge o seu ponto máximo no homem cujas preocupações dizem respeito exclusivamente à vida de gozos materiais. Ao contrário disso, nas almas puras – que antecipadamente se identificam com a vida espiritual – o apego é quase nulo.

O desprendimento da alma jamais é brusco, mas gradual

Em se tratando de morte natural resultante da extinção das forças vitais por velhice ou enfermidade, o desprendimento opera-se gradualmente. Para o homem cuja alma se desmaterializou e cujos pensamentos se destacam das coisas terrenas, o desprendimento quase se completa antes da morte real, ou seja, tendo o corpo ainda vida orgânica, o Espírito já começa a penetrar a vida espiritual, apenas ligado à matéria por elo tão frágil que se rompe com a última pancada do coração.

No homem materializado e sensual, que mais viveu do corpo que do Espírito, e para quem a vida espiritual nada significa, tudo contribui para estreitar os laços materiais e, quando a morte se aproxima, o desprendimento, embora também se opere gradualmente, demanda contínuos esforços. As convulsões da agonia são indícios da luta do Espírito, que às vezes procura romper os elos resistentes, e outras vezes se agarra ao corpo, do qual uma força irresistível o arrebata com violência, molécula por molécula.

O desconhecimento da vida espiritual faz com que o Espírito se apegue à vida material, estreitando os seus horizontes e resistindo com todas as forças, conseguindo prolongar a vida e, conseqüentemente, a sua agonia, por dias, semanas ou meses. Em tais casos, a morte não implica o fim da agonia, pois a perturbação continua e ele, sentindo que vive, sem saber definir seu estado, sente e se ressente da doença que pôs fim aos seus dias, permanecendo com essa impressão indefinidamente, uma vez que continua ligado à matéria por meio de pontos de contato do perispírito com o corpo.

Dá-se o contrário com o homem que se espiritualizou durante a vida. Depois da morte, nem uma só reação o afeta. Seu despertar na vida espiritual é como quem desperta de um sono tranqüilo, lépido, para iniciar uma nova fase de sua vida.



No suicídio, a separação da alma é bastante dolorosa

Nas mortes violentas, como nos acidentes, nenhuma desagregação teve início antes da separação do perispírito. Nesse caso, o desprendimento só começa depois da morte e seu término não ocorre rapidamente. O Espírito fica aturdido, não compreende o seu estado, permanecendo na ilusão de que vive materialmente por período mais ou menos longo, conforme o seu nível de espiritualização.

Nos casos de suicídio, a separação da alma é extremamente dolorosa. Constituindo o suicídio um atentado contra a vida, o sofrimento quase sempre permanece por período igual ao tempo em que o Espírito deveria estar encarnado. Além disso, as dores da lesão física provocada repercutem no Espírito. A decomposição do corpo e sua destruição pelos vermes são sentidas em detalhes pelo Espírito desencarnado, conquanto tal fato não constitua regra geral. Há ademais o remorso, gerando sofrimento moral para aquele que decidiu desertar da vida.

O espírita sério, adverte-nos Kardec, não se limita a crer, porque compreende, e compreende, porque raciocina. A vida futura é para ele uma realidade que se desenrola incessantemente aos seus olhos, uma realidade que ele toca e vê a cada passo e de tal modo que a dúvida não pode ter guarida em sua alma. A existência corporal, tão limitada, amesquinha-se diante da vida espiritual. Que lhe importam os incidentes da jornada, se compreende a causa e a utilidade das vicissitudes humanas quando suportadas com resignação?

A alma se eleva então em suas relações com o mundo visível; os laços fluídicos que o ligam à matéria enfraquecem-se, operando por antecipação um desprendimento parcial que facilita a passagem para a outra vida. A perturbação conseqüente à transição pouco perdura, porque, uma vez franqueado o passo, para logo se reconhece, nada estranhando, mas antes compreendendo a sua nova situação.

A prece é útil no desprendimento da alma

O desprendimento da alma, uma vez morto o corpo físico, começa pelas extremidades e vai-se completando na medida em que são desligados os laços fluídicos que a prendem ao veículo carnal.

No livro "Obreiros da Vida Eterna", cap. XIII, o instrutor Jerônimo informa que há três regiões orgânicas fundamentais que demandam extremo cuidado nos serviços de liberação da alma: o centro vegetativo, ligado ao ventre, como sede das manifestações fisiológicas; o centro emocional, zona dos sentimentos e desejos, sediado no tórax, e o centro mental, situado no cérebro. Essa foi a ordem em que ele atuou para facilitar o desprendimento de Dimas, descrito no referido livro.

A prece auxilia bastante o desprendimento do Espírito. Allan Kardec relata no livro "O Céu e o Inferno" o caso Augusto Michel, ocorrido em 1863, o qual pediu a um médium fosse até o cemitério orar no seu túmulo. O Espírito de Augusto Michel suplicou tanto, que o médium atendeu e no próprio cemitério ouviu o agradecimento de Michel, que se disse aliviado da constrição que antes o fazia preso ao corpo. Ao comentar o caso, Kardec indaga se o costume quase geral de orarmos ao pé dos defuntos não proviria da intuição inconsciente que se tem desse efeito.

18 de jun. de 2015

REDUZIR A MAIORIDADE PENAL? É A SOLUÇÃO OU RECONHECIMENTO DA INCOMPETÊNCIA DO ESTADO




Muito tem se falado da possibilidade de reduzir a maioridade penal como medida para evitar que novos crimes ocorram. Mas será que punir nossos jovens seria a melhor alternativa para acabar com a delinquência, perversidade e violência? Qual é a visão da Doutrina Espírita sobre a Redução da Maioridade Penal? Vejamos o que Joanna de Ângelis nos fala sobre o assunto.

“A onda crescente de delinquência que se espalha por toda a Terra assume proporções catastróficas, imprevisíveis, exigindo de todos os homens probos e lúcidos acuradas reflexões. Irrompendo, intempestivamente, faz-se avassaladora, em vigoroso testemunho de barbárie, qual se loucura de procedência pestilencial se abatesse sobre as mentes, em particular grassando na inexperiente juventude, em proporções inimagináveis, aflitivas.
Sociólogos, educadores, psicólogos e religiosos preocupados com a expressiva mole de delinquentes de toda lavra, especialmente os perversos e violentos, aprofundam pesquisas, improvisam soluções, experimentam métodos mal elaborados, aderem aos impositivos da precipitação, oferecem sugestões que triunfam por um dia e sucumbem no imediato, tudo prosseguindo como antes, senão mais turbulento, mais inquietador.
Os milênios de cultura e civilização parece que nada contribuíram a beneficio do homem que, intoxicado pela violência generalizada, adotou filosofias esdrúxulas, em tormentosa busca de afirmação , mediante o vandalismo e a  obscenidade, em fugas espetaculares para as “origens”.

Numa visão superficial das consequências calamitosas desse estado sócio-moral decorrentes, asseveram alguns observadores que a delinquência, a perversidade e a violência fluem, abundantes, dos campos das guerras sujas e cruéis, engendradas pela necessidade da moderna tecnologia em libertar os países super-desenvolvidos do excesso de armamentos bélicos e dos equipamentos militares ultrapassados, gerando focos de conflitos a céus abertos entre povos em fases embrionárias de desenvolvimento ou subdesenvolvimento, martirizados e destroçados às expensas dos interesses econômicos alienígenas, dominadores arbitrários, no entanto, transitórios...


[...] A leviandade de mestres e educadores imaturos, não habilitados moralmente para os relevantes misteres de preparação das mentes e caracteres em formação, contribui, igualmente, com larga quota de responsabilidade no capítulo da delinquência juvenil, da agressividade e da violência vigentes, ameaçadoras, câncer perigoso a dizimar com crueldade o organismo social do Planeta.
A simples preocupação dos  interessados – e a questão nos diz respeito a todos nós -, não resolve, se medidas urgentes e práticas, mediante uma política educativa generalizada, não se fizerem impor antes da erupção de males maiores e das suas consequências em progressão geométrica, apavorantes. Teríamos, então, as cidades transformadas em imensos palcos para o espetáculo cada vez mais rude de delinquência e dos famigerados comparsas.

[...] Tem-se procurado reprimir a delinquência sem se combaterem as causas fecundas da sua multiplicação. Muito fácil, parece, a tarefa repressiva, inútil, porém, quando não se transforma em um fator a mais para a própria violência.
A terapêutica para tão urgente questão há de ser preventiva, exigindo dos adultos que se repletem de amor nas inexauríveis nascentes da Doutrina de Jesus, a fim de que, moralizando-se, possam educar as gerações novas, propiciando-lhes clima salutar de sobrevivência psíquica e realização humana.

A valorização da vida e o respeito pela vida conduzirão pais, mestres, educadores, religiosos e psicólogos a uma engrenagem de entendimento fraternal com objetivos harmônicos e metódicos – exemplos capazes de sensibilizar a alma infantil e conduzi-la com segurança às metas felizes que devem perseguir.”

(Joanna de Ângelis, Divaldo Franco, Após a Tempestade, cap. 7)


SEXÓLOTRAS! COMO LIDAR COM O VÍCIO DO SEXO!



O sexo não é visto pelo olhar do mundo espiritual, apenas como forma de procriar, mas, acima de tudo, como transfusão de energias vitais, uma troca energética em que a pessoa se reabastece de energias. Esse abastecimento energético propor¬ciona, ao ser encarnado, um estado de satisfação inicial, que é o mo¬mento da sedução, da proximidade e do orgasmo, mas que perdura, principalmente, quando o casal ou o par são pessoas que, se não se amam, têm uma imensa afinidade entre si, sabem o que estão fazendo e ambos querem fazer aquilo. Bem diferente daquele sexo imposto, dos abusos que existem por aí, em que uma pessoa só quer fazer o sexo e a outra não, aí existe uma violência sexual.

Mas quando os dois querem fazer, sabem que vai ser bom e que ambos vão se beneficiar, esse sexo não é somente para a procriação, acima de tudo é uma transfusão de energias vitais. É muito comum vermos pessoas que estão esgotadas, física, mental e emocionalmente, após uma noite de amor, um contato mais íntimo com seu parceiro ou parceira, com seu cônjuge, no dia seguinte, sentir-se abastecida e revitalizada. Entenda-se que sexo não é apenas uma relação genital, é uma transfusão de energias em que muitas vezes a pessoa se reabastece apenas no tocar, no olhar para o outro.

Quando falamos no sexo como relação genital, não falamos daquela forma antiquada que as religiões bíblicas falavam, de que o homem só poderia procurar a mulher nesse contexto de reprodução. Quando o Espiritismo trata do assunto “sexo”, o vê de forma total; o ser é uma totalidade. Portanto, acima de tudo, quando a pessoa está num relacionamento íntimo com outra, está passando a sua cota de energia, e ao mesmo tempo recebendo aquela energia que lhe pode ser oferecida. Entendendo dessa forma, o sexo, veremos que, na constituição psicofísica e etérica do ser humano, nós temos o corpo físico, o duplo etérico (corpo de plasma biológico equivalente ao corpo físico), o perispírito e os demais corpos superiores, como o corpo mental inferior e superior e assim por diante. Mas o duplo etérico assume um papel importante na constituição orgânica e psíquica do ser humano. Ele é o depositário das energias vitais do Homem, e, quando o ser humano desencarna, deixa de ter o duplo etérico, que é um corpo físico baseado em matéria, num padrão ligeiramente diferente, porque é matéria em estado plasmático, por isso se chama “etérica”, pois é do mundo etérico, primitivo. Esse corpo é a fonte primordial que nós todos temos, da energia vital que nos abastece, portanto, nas relações sexuais, é desse duplo etérico que parte a cota de energia para nos abastecer.

Dessa forma fica fácil entender que, esse tipo de energia mais material o desencarnado não tem, porque ele não tem mais o seu depósito de energia vital que é o duplo etérico, que se desfaz de 30 a 40 dias após a morte. Mesmo perdendo seu duplo etérico, muitos desencarnados permanecem com seu perispírito impregnado de fluidos densos e a mente desses seres que desencarnam mantém sintonia com as questões que, no mundo físico, foram importantes para eles, moldando, no perispírito, todas as reações próprias do antigo corpo. Já que tudo é mental, quando desencarna continua tendo certos hábitos que tinha aqui no mundo físico, como comer, beber, dormir, vestir, fazer sexo... e não deixa esses hábitos só porque desencarnou. Moldamos mentalmente o perispírito, e, depois que desencarnamos, por longos períodos ainda permanecemos prisioneiros dessa moldagem mental. Por isso o perispírito vai sentir certas necessidades que são próprias do corpo físico.

Conhecemos relatos de Espíritos que diziam sentir fome, frio... outros, como nos relata André Luiz, precisavam tomar uma sopa, um caldo, comer do outro lado, porque o perispírito está moldado mentalmente, conforme aquilo que o mundo físico trouxe para a pessoa como processo de aprendizado.
O Espírito Alex Zarthú, o indiano, autor do livro “Serenidade, uma Terapia para a Alma”, nos diz que a vida social na Terra é profundamente hipnótica para o Espírito, ela nos hipnotiza espiritualmente, e quando chegamos do outro lado, até nos libertarmos das ilusões causadas pelo corpo físico, ainda demoramos muito tempo. 

Significa que nós carregamos, desencarnados, os desejos próprios que aprendemos e a que demos vazão aqui na matéria. Essas sensações de fome, de cansaço, reações sexuais e ou sensações físicas são imediatamente sentidas e vividas pelos Espíritos que estão na condição próxima à esfera física, ou seja, 99,9% de todos nós permanecemos assim; poucos são aqueles que logo após a saída do corpo físico entram naquele estado de intensa espiritualidade; em geral, os espíritos vinculados à Terra permanecem com essas sensações. E é aí que esses seres se aproximam dos encarnados para se abastecerem dessas energias.

Estamos falando das perturbações que atingem os “sexólatras”, forma específica de perturbação espiritual causada por espíritos ligados à questão sexual, que sabem e têm lá sua técnica de estimular desequilíbrios nessa área. E por que então esses espíritos se abastecem através dos encarnados? Primeiro porque a sensação de satisfação orgásmica que o sexo proporciona ao encarnado, o espírito não tem plenamente porque não possui mais o duplo etérico, que é a fonte de abastecimento vital. Ele também não se vitaliza com a relação sexual em si por causa da falta do duplo etérico, portanto, se ele não estiver liberto dessas sensações vai precisar recorrer a quem as têm, que somos nós, os encarnados. Nesse caso eles não conseguem satisfação plena e precisam dessa associação temporária, muitas vezes longa, com muitos encarnados, que são desdobrados pelo sono do corpo, e não desdobrados, dentro do corpo físico.

Quando esses “hospedeiros”, os encarnados, têm algum desejo sexual e abrem um campo mental favorável eles se aproximam – aqueles que tinham desejos semelhantes – e, por meio da satisfação que o encarnado vai encontrar, acabam também, sugando essa energia, como se fossem vampiros desencarnados que roubam a vitalidade dos encarnados. É claro que essa associação entre encarnados e desencarnados, muitas vezes demorada, não vem de um momento para outro. Isso acontece porque muitas vezes nós nos entregamos a essa hipnose dos sentidos, e o sexo faz com que se torne fácil que percamos o limite do bom senso. Quando perdemos o limite nós exageramos na nossa busca pelo prazer e esse exagero abre portas para essas associações energéticas e espirituais e para o abuso. No momento em que a pessoa perde o seu bom senso ou senso de limite, não está apenas se abastecendo energeticamente, está servindo de ligação para esses espíritos, que têm sentimentos, sensações e desejos semelhantes aos seus, está passando seu abastecimento vital para os desencarnados. Nesse caso, é portanto necessário haver sintonia nas questões da sexualidade; sem essa sintonia, naturalmente, não terá como essa energia passar para o desencarnado.

Imagine que em determinado momento uma pessoa que é desregrada sexualmente, desencarna; ela não vai deixar de ter desejos sexuais simplesmente porque virou espírito, vai continuar com esses desejos e vai procurar alguém na esfera física que esteja vivendo uma situação semelhante. Da parte do desencarnado, ele está querendo apenas o seu abastecimento energético; vai se abastecer e se satisfazer via ser encarnado. Já o encarnado, aquele que está servindo de hospedeiro, sente um ligeiro aumento da sensação de prazer. É como se de uma hora para outra o seu orgasmo se multiplicasse por quatro, cinco vezes, e ele se sentisse plenamente satisfeito naquele momento, como se aquela tivesse sido a melhor relação sexual que já teve, que era tudo o que ele queria na vida. Se estiver “pulando a cerca”, então, vai achar que encontrou sua alma gêmea porque teve uma sensação extraordinária. Claro, porque a sensação não foi só dele, foi dele e do desencarnado, e somadas as duas sensações a impressão que fica é a de que teve um orgasmo acima de todas as expectativas. Isso acaba gerando um processo que André Luiz chama de “simbiose espiritual”, entre os desencarnados e encarnados que são vítimas dessa situação.

No momento em que estabelecemos essa simbiose energética e espiritual, nós vamos sentir esse aumento do prazer, da energia sexual, e logo depois estaremos envolvidos com as cenas de sexo, como se aquilo ficasse povoando a nossa esfera mental; porque nesse momento já estamos em sintonia com o desencarnado que também tinha esse desequilíbrio, e a sua imagem mental passa a povoar nossa aura e nossa mente. Algumas pessoas dizem: “mas eu fiz isso sem querer!” Os desencarnados não nos obrigam a nada. Num processo obsessivo ou de simbiose mental os espíritos apenas realçam aquilo que já existe dentro de nós, mas não farão aparecer um desejo ou uma tendência que não existia antes.

É necessário que haja a pré-existência desse desejo ou dessa tendência, e aí o desencarnado se aproxima e realça o que já existe, e isso serve tanto para a área sexual quanto para as drogas ou qualquer outro tipo de desequilíbrio que exista. Tudo aquilo que está realçado em nós, passível de ser modificado e de ser trabalhado pela educação e que não trabalhamos, pode ser um ponto de contato com esses desencarnados. Esse processo de simbiose mental irá gerar algumas imagens, porque o desencarnado quer realçar algo que já existe em nós, mas não vai chegar e realçar imediatamente; ele vai começar a compartilhar a imagem mental que está nele, mal resolvida, insatisfeita, e vai fazer isso por meio do sono. A pessoa dorme e começa a ter sonhos repetitivos e intensos a respeito de um mesmo assunto. É natural que os sonhos eróticos ocorram com todos nós, é um mecanismo do nosso próprio psiquismo, mas quando a pessoa entra num círculo vicioso de sonhos e pesadelos sempre dentro da mesma temática, significa que existe um compartilhar de pensamentos e imagens mentais, o que já é um alerta para que a pessoa procure uma terapia, espiritual ou não, que possa auxiliá-la.

Essas imagens mentais são captadas e estimuladas por muitos fatores externos e internos, e alguns se realçam mais do que os outros, dependendo das circunstâncias. Por exemplo: o desencarnado traz em si a imagem mental do desejo sexual reprimido nele, porque não vai encontrar, no plano astral, o sexo como ele tinha na Terra, mas algo semelhante, e ao aproximar-se do ser humano encarnado, este capta, em determinado grau, essa sintonia mental de acordo com o que está dentro de si. São os chamados fatores internos, como sentimento de culpa, sexualidade que está indefinida porque a pessoa não se resolveu sexualmente, ou à sensualidade exacerbada. O sentimento de culpa aparece porque às vezes fazemos alguma coisa que, por exemplo, a religião diz ser errada; mas isso não significa que realmente seja, e isso gera, naquele que tem um contato mais intenso com a religião, um sentimento de culpa muito grande, o que já é uma forma de exacerbar um processo espiritual que ali está se iniciando e aumentá-lo de uma maneira extraordinária. A pessoa já se sente culpada, e a culpa é um dos piores fatores no processo obsessivo. Depois a pessoa que está indefinida, sexualmente, não sabe se é heterossexual, homossexual ou bissexual e, devido à própria culpa, não se define, ficando naquela angústia imensa. Se a pessoa passa a alimentar a mente com imagens eróticas de diversas procedências (podem ser de filmes, revistas etc.), ela aumenta essa situação internamente, porque está dando um “alimento” a uma situação que já é reconhecidamente exagerada. O indivíduo é extremamente sensual, seus pensamentos giram sempre em torno de sexualidade, muitas vezes sexualizando as próprias relações de amizade, não conseguindo se imaginar amigo ou amiga de outra pessoa, sem sexualizar essa relação, e, mesmo assim, se entrega a ver filmes ou revistas com imagens e conteúdo erótico. Essas imagens se fixam na tela mental e fortalecem o elo com os desencarnados, e esse fator externo é preponderante dentro do processo obsessivo nessa questão dos sexólatras.
As conversações, quando giram em torno de sexo, de uma forma desrespeitosa, que não é sadia, fazem com que a imagem mental se reforce. Aquela imagem que já existe dentro de nós, que já é própria do ser humano em qualquer grau de evolução que esteja aqui na Terra, porque em um momento ou outro nós podemos ter essas imagens mentais quando nos entregamos a conversações que não são elegantes, que não são nobres, a respeito da sexualidade, isso tende a aumentar a quantidade e a freqüência dos sonhos ou dos pesadelos com conteúdo erótico, e assim, estaremos alimentando o nosso cérebro.


No livro de Robson Pinheiro “Além da Matéria”, ditado pelo Espírito Joseph Gleber, no capítulo seis, ele nos diz que tudo no mundo é mental e que o nosso cérebro é um biocomputador, extremamente fiel às informações e imagens com as quais nós o alimentamos. Se o espírito alimenta o cérebro com essas imagens extremamente eróticas, vai haver uma predisposição maior no corpo físico para que essa imagem se complete através do ato. Então, tudo é uma questão de educação do pensamento, o sexo não está na genitália; em princípio, está em nossa mente. Se o espírito alimenta o cérebro, a imagem se fixa com mais facilidade; fixando a imagem, naturalmente o espírito que está querendo nos influenciar vai encontrar um ponto de ligação muito mais intenso. A presença desses espíritos, perto de nós, realça os desejos reprimidos no inconsciente. E realmente estão reprimidos; muita gente acha que se espiritualizar significa reprimir e proibir tudo, e não é. Nós temos que trazer isso à tona e enfrentar de maneira digna, compreender porque somos assim, nos aceitar e trabalhar para melhorar e dar qualidade. Quando reprimimos os desejos, num momento ou outro isso vai explodir; tudo o que é reprimido acaba explodindo depois e fugindo ao controle, pois chega um momento em que a mente não aguenta e isso sai do inconsciente em forma de uma vivência que não é sadia, e é nesse momento que esses desencarnados acabam nos utilizando de maneira mais ou menos intensa, fazendo com que nossas atitudes sejam um reflexo da ação deles. 

Essas ações passam então a ser realçadas em nós, de uma tal maneira, que não conseguimos nos conter, quase que nos sentimos obrigados a realizar os desejos, e logo depois vem o sentimento de culpa.
Nesse processo de aproximação espiritual, de conluio espiritual, as energias são sugadas de tal forma que logo após a realização do ato sexual a pessoa sente uma queda de vitalidade inexplicável; primeiramente vem a sensação de prazer exagerado, e logo após vem uma queda energética muito grande, porque aí o desencarnado se afasta um pouco e a vítima dessa aproximação fica sozinha, com uma sensação de vazio, de vitalidade esgotada. O organismo se desgasta, a pessoa começa a sentir tonteira e fraqueza, coisas que normalmente não sentiria, e também a dificuldade de manter um relacionamento sexual saudável ou constante, porque a partir do momento em que a pessoa cede, passa a ceder sempre, e assim a situação vai se tornando cada vez mais caótica.

Há outro tema que é muito pouco discutido dentro desse panorama, que é a masturbação. Muita gente acha que quando alguém se masturba está dando força e alimentando o obsessor, e não é nada disso. A masturbação é um processo comum no ser humano, a própria ciência já se pronunciou a respeito, e, enquanto estiver dentro da capacidade da pessoa administrar isso, não há porque ter medo de obsessão. Quando a pessoa não administra mais o sentimento, o hábito ou a atitude, aí sim ele está sendo vítima do desejo em si e vivendo em prol dele. E isso ocorre com qualquer coisa em nossa vida; quando perdemos o controle e passamos a viver em prol somente daquilo, é um momento de parar e refletir se aquilo está sendo bom para nós ou se nós estamos sendo “bonzinhos” para isso ou aquilo. O processo obsessivo não tem a ver só com a questão da sexualidade; todo o exagero, tudo o que ultrapassa o limite da nossa consciência, daquilo que podemos administrar, é passível de ser um elemento a mais no processo obsessivo.

Voltando especificamente, ao caso dos desencarnados que têm um processo de sexualidade intensa, que no meio espírita são chamados de "sexólatras", quando se aproximam dos encarnados eles dão satisfação àqueles que realizam por eles aquilo que não podem realizar no plano extra-físico, e acabam interferindo na libido das pessoas, aumentando ou diminuindo conforme a intenção e utilização da energia sexual do hospedeiro ou vítima.
Nós vemos muito essa questão em pessoas que frequentam prostíbulos e lugares em que a energia sexual é exacerbada, que se entregam a atividades sexuais de maneira muito intensa, achando que estão "curtindo" a vida, e que, naturalmente, não percebem que não se dominam mais. A qualquer momento a mente está sexualizando as situações, seja no trabalho ou nas amizades; em qualquer contato social que a pessoa tenha ela não domina mais o sentido da vida social, tudo lembra e inspira sexo. Esse processo se estabelece de maneira lenta, não de uma hora para outra, não, há os casos de pessoas em que a sexualidade vai se exagerando cada vez mais, tanto quanto aquelas que sofrem um processo de impotência ou frieza sexual. Não significa que estejam sofrendo um processo obsessivo, mas poderá ter um fator espiritual interferindo. Pode ser que nesta ou em outra vida essa pessoa tenha abusado muito da energia sexual, tanto que esgotou toda a reserva energética que tinha. Esse fator é algo que deve ser estudado, tanto na casa espírita quanto nos consultórios de psicologia.

Essa soma dos desejos de desencarnados e encarnados aumenta a sensação do prazer, acima de tudo. Em geral os seres desencarnados que estão nessa situação, são vampiros que necessitam da energia do encarnado para se completar, mesmo que do outro lado tenham toda essa sensação mental e emocional em que estão, e pasmem: aqueles que estão numa situação bem próxima da matéria, porque o perispírito responde à modelagem do pensamento, fazem sexo em várias situações que se assemelham ao sexo aqui no plano físico, logicamente sem o orgasmo que teriam na matéria, daí precisarem do encarnado, pois o sexólatra se completa no encarnado.
A pessoa que se associa a esse tipo de espírito não consegue mais deixar de pensar em sexo durante um período muito grande, estabelecendo-se a partir da ligação inicial a compulsão ao sexo que na psicologia tanto se estuda. A pessoa começa a ter pensamentos recorrentes que sempre voltam, e isso começa a incomodá-la, e se incomoda é porque não é natural, está havendo aí um roubo de energia, uma penetração magnética dentro do seu campo áurico por um desencarnado. Há a necessidade de enfrentar essas questões, e quando digo enfrentar, não significa apenas ir em busca de auxílio espiritual, fazer um trabalho de desobsessão. Isso ajuda muito em grande parte, mas uma vez que a zona mental do encarnado está viciada, ele precisa de uma ajuda terapêutica emergencial. É preciso ir em busca do auxílio espiritual e de um bom terapeuta para fazer o acompanhamento emocional. Assim, essa pessoa vai conseguir enfrentar o vício mental, porque só cortando o vício vai parar de atrair espíritos que estejam na mesma sintonia que ele.

A obsessão nesse caso é complexa? É. O tratamento é difícil? É, mas não é impossível, exige um esforço na educação do pensamento e das emoções. Acredito que todos nós, que trabalhamos ligados à Doutrina Espírita, vez ou outra temos contato com pessoas nessa situação; às vezes nós mesmos, em algum momento da nossa vida já vivenciamos isso, porque às vezes exageramos em nossa conduta e depois colocamos a culpa nos espíritos. Por isso é importante dar o primeiro passo em busca da solução para esse tipo de situação. As duas terapias, a convencional e a espiritual, podem conduzir a uma tranqüilidade de energias e emoções.

15 de jun. de 2015

Ambição e ética





O consultor de empresas e conferencista Stephen Kanitz escreveu um artigo intituladoAmbição e ética, do qual extraímos algumas reflexões.

Kanitz define a ambição como sendo tudo o que você pretende fazer na vida. São seus objetivos, seus sonhos, suas resoluções.

As pessoas costumam ter como ambição ganhar muito dinheiro, casar com uma moça ou um moço bonito ou viajar pelo mundo afora.

A mais pobre das ambições é querer ganhar muito dinheiro, porque dinheiro por si só não é objetivo: é um meio para alcançar sua verdadeira ambição, como, por exemplo, viajar pelo mundo.

Já a ética são os limites que você se impõe na busca de sua ambição. É tudo que você não quer fazer, na luta para conseguir realizar seus objetivos. Como não roubar, não mentir ou pisar nos outros para atingir sua ambição, ou seja, é o conjunto de princípios morais que se devem observar no exercício de uma profissão.

A maioria dos pais se preocupa bastante quando os filhos não mostram ambição, mas nem todos se preocupam quando os filhos quebram a ética.

Se o filho colou na prova, não importa, desde que tenha passado de ano, o objetivo maior.

Algumas escolas estão ensinando aos nossos filhos que ética é ajudar os outros. Isso, porém, não é ética, é ambição.

Ajudar os outros deveria ser um objetivo de vida, a ambição de todos, ou pelo menos da maioria. Aprendemos a não falar em sala de aula, a não perturbar a classe, mas pouco sobre ética.

O problema do mundo é que normalmente decidimos nossa ambição antes de nossa ética, quando o certo seria o contrário.

E por quê? Porque dependendo da ambição, torna-se difícil impor uma ética que frustrará nossos objetivos.

Quando percebemos que não conseguiremos alcançar nossos objetivos, a tendência é reduzir o rigor ético, e não reduzir a ambição.

O mundo conheceu a história de uma estagiária na Casa Branca, que colocou a ambição à frente da ética e tirou o partido democrata do poder, numa eleição praticamente ganha, devido ao enorme sucesso da economia na sua gestão.

Não há nada de errado em ser ambicioso, desde que se defina cedo o comportamento ético.

Quando a ambição passa por cima da ética como um rolo compressor, o resultado é o que podemos acompanhar nos noticiários que ocupam as manchetes em nosso país.

Assim, para mudar definitivamente essa situação, é preciso estabelecer um limite para nossa ambição não nos permitindo, em hipótese alguma, violar a ética para satisfação pessoal, em detrimento do coletivo.

Conforme ensinou Jesus, Seja o seu falar: sim, sim, não, não, em qualquer situação.

E, se estiver difícil definir se estamos agindo com ética ou não, basta imaginar como julgaríamos esse ato, se praticado por outra pessoa.

Se o condenamos é porque não é ético. Se o aprovamos e julgamos justo, então podemos seguir em frente.

* * *

Defina sua ética quanto antes possível. A ambição não pode antecedê-la, é ela que tem de preceder à sua ambição.



Redação do Momento Espírita com base em artigo de Stephen Kanitz, publicado na Revista Veja do dia 24 de janeiro de 2001.
Em 23.12.2010.

13 de jun. de 2015

Amargando decepções



Não somos poucos os que nos tornamos pessoas amargas, indiferentes ou frias, por causa de decepções que afirmamos ter sofrido aqui ou ali, envolvendo outras pessoas.

A decepção foi com o amigo a quem recorremos num momento de necessidade e não encontramos o apoio esperado. Foi com o companheiro de trabalho que nos constituía modelo, parecia perfeito e o surpreendemos em um deslize.

Tais decepções devem nos remeter a exames melhores das situações.

Decepcionarmo-nos com pessoas que estão no Mundo, sofrendo as nossas mesmas carências e tormentos não é muito real.

Primeiro, porque elas não nos pediram para assinar contrato ou compromissos de infalibilidade para conosco. Segundo, porque o simples fato de elas transitarem na Terra, ao nosso lado, é o suficiente para que não as coloquemos em lugares de especial destaque, pois todas têm seu ponto frágil e até mesmo seus pontos sombrios.

A nossa decepção, em realidade, é conosco mesmo, pois que nos equivocamos em nossa avaliação, por precipitação ou por análise superficial.

Não menos errada a decepção que afirmamos ter com a própria religião, com a doutrina de fé cristã que está a espalhar, em toda parte, os ensinamentos deixados por Jesus Cristo para os seres de boa vontade.

O que acontece é que costumamos confundir as doutrinas que ensinam o bem, o nobre, o bom com os doutrinadores que, embora falem das virtudes que devemos perseguir, conduzem as próprias existências em oposição ao que pregam.

Como vemos, a decepção não é com as mensagens da Boa Nova, mas exatamente com os que conduzem a mensagem. Nesse ponto não nos esqueçamos de fazer o que ensinou Jesus: comparar os frutos com as qualidades das árvores donde eles procedem, de modo a não nos deixarmos iludir.

Avaliemos, desta forma, as nossas queixas contra pessoas e situações e veremos que temos sido os grandes responsáveis pelas desilusões do caminho.

Nós mesmos é que criamos as ondas que nos decepcionam e magoam.

Cabe-nos amadurecer gradualmente nos estudos e na prática do bem, aprendendo a examinar cada coisa, cada situação, analisar a nós mesmos com atenção, a fim de crescermos para a grande luz, sem nos decepcionarmos com nada ou com ninguém.

Precisamos aprender a compreender cada indivíduo no nível em que se situa, não exigindo dele mais do que possa dar e apresentar, exatamente como não podemos pedir à roseira que produza violetas, que não tenha espinhos e que não despetale suas flores na violência dos ventos.

* * *

Para que avancemos em nossa caminhada evolutiva, imponhamo-nos uma conduta de maturidade, de indulgência e de benevolência para com os demais.

Disponhamo-nos a brilhar, sob a proteção de Deus, avançando sempre, não nos detendo na retaguarda a examinar mágoas e depressões, que se apresentam na estrada como pedras e obstáculos, calhaus e detritos.



Redação do Momento Espírita, com base no cap. 28 do livro Revelações da luz, pelo Espírito Camilo, psicografado por Raul Texeira, ed. Fráter.

12 de jun. de 2015

Amar é sofrer?



Quem disse que “amar é sofrer” jamais amou.

O beijo do ar da madrugada desperta a vida que dorme.

O sorriso da lua engrinaldada de estrelas diminui as sombras.

A carícia do sol vitaliza todas as coisas.

E a chuva que lava a terra, e reverdece o chão, e abençoa o mundo, correndo no rio, esvoaçando na nuvem esgarçada, são as tuas expressões de amor, construtor real, demonstrando o teu poder, a tua grandeza e a minha pequenez.

Quem ama, sempre doa, e não sofre, porque ama.

Quem diz que amar é sofrer ainda está esperando pelo amor e jamais amou.

* * *

As palavras do poeta Tagore são fortes. Desafiam todos os autores que até hoje cantaram, emocionados, as dores do amor.

E foram tantos... E ainda são.

O amor do mundo sempre esteve vinculado à dor, pois sempre foi um amor apego, um amor posse, um amor desespero.

Agia-se no ímpeto por amor, e lá vinha a dor. Esperava-se indefinidamente por amor, e lá se iam anos de sofrer silencioso.

Nossa arte revela isso de forma magistral: o ser humano tentando sobreviver amando dessa forma.

Chegamos ao ponto de nos autoflagelarmos por ele, ou ainda, de acabar com nossa própria vida,por não suportar tal vil pesar. E o pior, achamos isso belo, romântico...

Imaturos fomos, assim como o que chamamos de amor ao longo das eras também o foi.

Inventamos um tal de amor à primeira vista, para justificar paixões retumbantes, apenas desejos ardentes muitas vezes...

Alguns ainda, aprenderam a chamar o ato da união sexual em si, de fazer amor, como se em toda coabitação ele estivesse obrigatoriamente presente – quem dera...

Entendemos pouco de amor.

E não foi por falta de bons exemplos.

Recebemos na Terra o Espírito que irradiava amor, e que proclamou esta palavra aos quatro ventos, de uma forma inesquecível.

O amor do qual Jesus falava era esse amor doação, o amor ágape.

Pode haver sofrimento em nosso coração ainda por algum tempo, mas não por amar, e sim, apenas por não sabermos amar de forma devida.

São nossos vícios que trazem as dores. O amor só traz alegria e paz, pois é responsável pela consciência pacificada.

A carícia do sol vitaliza todas as coisas e o amor verdadeiro é este sol, que sempre vitaliza e nunca enfraquece.

Nas piores noites o sorriso da lua engrinaldada de estrelas diminui as sombras. É novamente o amor, consolando, dando esperança, e jamais provocando mais escuridão.

É tempo de conhecer melhor o amor, agora que podemos ser mais maduros, que entendemos que não possuímos as coisas nem as pessoas; agora que entendemos que não estamos aqui para ter, mas para ser.

Ainda estamos esperando pelo amor, é certo, porém, cada movimento que fazemos em direção ao outro, deixando de lado o vício do egoísmo e do orgulho, é um passo que damos até ele.

E talvez logo descubramos que não fomos nós que esperamos pelo amor durante todo esse tempo, mas ele que sempre esperou por nós...


Redação do Momento Espírita, com base em trecho do
cap. XXII, do livro Estesia, de Rabindranath Tagore, psicografia
de Divaldo Pereira Franco, ed. LEAL.
Em 25.9.2014.

Amar é...




O que é o amor?

É sentimento. É estado d´alma?

E como buscá-lo, como vivê-lo. desde que todos os grandes Espíritos que vieram à Terra disseram ser ele o caminho seguro?

Os conceitos atribuídos ao amor são inúmeros. As discussões filosóficas tornam-se sem fim.

Porém, o que realmente precisamos conhecer é sua prática, sua vivência em nossos dias.

A compreensão maior virá como consequência, como se precisássemos estar em seu íntimo para finalmente descobri-lo.

O amor é o sacrifício pelo próximo que, aos olhos do mundo, é pesado, é difícil, mas para quem ama é leve, gratificante.

Amar é interessar-se pela vida do outro, é perguntar: Como foi seu dia? É questionar: Você está bem? E estar realmente atento para ouvir a resposta.

Amar é modificar nossa rotina para ouvir um amigo, fazer-lhe uma visita, levar notícias boas.

Amar é reunir a família, sem a necessidade de uma comemoração especial, apenas para celebrar a presença de todos, para fortalecer os laços.

Amar é adiar um sonho para atender as necessidades de um filho, de um pai, de uma mãe.

Amar é respeitar as opiniões dos outros, mesmo que elas sejam diferentes das nossas.

É abraçar os familiares, não apenas quando celebrem aniversários, ou conquistas, mas sempre que o coração lembrar do quanto se querem bem.

Amar é chorar junto. É sorrir junto. É sempre guardar a esperança de que tudo será melhor.

Amar é saber dizer sim. É saber dizer não. É saber ouvir um sim, saber ouvir um não.

Aqueles que amamos jamais serão um peso em nossas vidas. Pelo contrário, serão eles que nos farão mais leves. Serão eles os agentes que farão com que nossa consciência esteja satisfeita, que nosso íntimo receba energias revigorantes do Alto, fazendo-nos mais felizes.

O verdadeiro amor não está distante. Não está apenas nos romances literários, nos poemas inspirados, nas imagens dos sonhos. Ele está conosco nos pequenos gestos de carinho, nas gentilezas inesperadas, nas renúncias.

O verdadeiro amor não está distante. Ele aguarda apenas que as mãos fortes da vontade o alcancem, e concedam-lhe a chance de respirar os ares do mundo.

* * *

Os Espíritos Superiores nos ensinam que amar, no sentido profundo do termo, é o homem ser leal, probo, consciencioso, para fazer aos outros o que queira que estes lhe façam.

É procurar em torno de si o sentido íntimo de todas as dores que acabrunham seus irmãos, para suavizá-las.

É considerar como sua a grande família humana, porque essa família todos a encontraremos, dentro de certo período, em mundos mais adiantados, e os Espíritos que a compõem são, como nós, filhos de Deus, destinados a elevar-se ao infinito.

Redação do Momento Espírita, com base no cap. XI, item 10 de
O Evangelho segundo o Espiritismo, de Allan Kardec, ed. Feb.
Em 30.09.2009.

5 de jun. de 2015

Amar ao próximo







Se alguém diz que ama a Deus, mas não ama o seu semelhante, é mentiroso. Isso foi escrito pelo Apóstolo João e nos convida a uma profunda reflexão.

Por que o amor a Deus passa inevitavelmente pelo amor ao próximo? Por que não basta amar a Deus no isolamento das criaturas, ou na indiferença ao semelhante?

Deus, ao nos criar, não nos cria perfeitos, mas oferece as oportunidades e possibilidades de se chegar à perfeição.

E, por grandiosidade de Sua justiça, essa perfeição se alcança por esforço próprio, por dedicação, e jamais por gratuidade ou dom divino, a escolher uns ou outros como mais ou menos amados por Ele e, consequentemente, com mais ou menos virtudes e dons.

Quando lemos a biografia de grandes vultos do amor ao próximo, como Madre Teresa de Calcutá, Chico Xavier ou Irmã Dulce, vemos a exemplificação do exercício no amor ao próximo.

E é natural que questionemos de onde eles retiraram forças para amar incondicional e intensamente, ao longo de toda uma vida?

Aprenderam a amar ao próximo no exercício do amor a que se propuseram, saindo de si mesmos, indo em direção ao outro, encontrando Deus.

O amor a Deus não se constrói de forma mística, transcendental ou isoladamente.

Entendendo isso, Jesus, personificação maior do amor a Deus, nos ensina que toda vez que auxiliarmos, que dermos de comer, que matarmos a sede de nosso irmão, é a Ele mesmo que estaremos fazendo isso.

Convida-nos Jesus a experimentar o exercício do amor a Deus aprendendo a amar ao próximo.

Afirma mesmo o Mestre Galileu que o maior mandamento da Lei de Deus é amar ao Pai, seguido do exercício de amar-se para amar ao próximo.

Se você busca o entendimento das Leis de Deus, de instaurá-Lo na sua intimidade, um bom início será o de olhar para o próximo, no exercício do amor.

Sempre temos recursos e meios de auxiliar, de demonstrar o amor na forma do desvelo, do carinho, da solidariedade ou da compaixão.

Ofereçamos a palavra edificante para incentivar os desvalidos, a presença fraterna para aqueles abandonados na solidão, ouvidos pacientes para um coração aflito com necessidade de desabafar.

Somos convidados ao exercício do amor ao próximo construído na compreensão frente àquele em desatino, em benevolência para o irmão em desequilíbrio ou indulgência na ação precipitada.

São pequenos gestos que se fazem exercícios de amor ao próximo, no objetivo de amar a Deus. Afinal, como nos alerta o Apóstolo João, se não conseguimos compreender nosso irmão, jamais teremos condições de amar e compreender a Deus.

Redação do Momento Espírita.
Em 29.12.2009.

4 de jun. de 2015

Amando os inimigos





Você já percebeu que há pessoas que nos exigem um pouco mais de esforço para serem amadas?

Enquanto alguns têm acesso fácil ao nosso coração, conferindo-nos alegria e prazer em compartilhar o convívio, outros nos solicitam empenho pessoal para poucos momentos de relacionamento.

Nós os encontramos no ambiente de trabalho, no seio familiar, na vizinhança ou nas relações sociais mais diversas.

Trazem valores que não são compatíveis com os nossos, têm atitudes que nos desagradam, usam de linguajar que nos parece inadequado.

Seus conceitos nos parecem absurdos, seu modo de vida um tanto esdrúxulo, e seus parâmetros morais nos chocam.

São esses que nos exigem esforço para que os possamos amar.

Porque ainda caminham distantes das estradas que elegemos para nós mesmos, a convivência com muitos deles nos parece um grande sacrifício.

Porém, quando Jesus nos ensina que devemos amar os nossos inimigos, é a esses também que o Mestre se refere.

Muitas vezes, imaginamos que inimigo seja somente aquele pelo qual nutrimos ódio, desejo de vingança, rancor profundo.

É verdade que esses o são. Porém, esses outros, os que ainda não conseguimos amar e querer bem, representam o mesmo convite que a vida nos faz para aprendermos a amar.

É verdade que, de rompante, não conseguiremos tê-los como amigos, recebendo-os na intimidade de nosso lar.

Não será em alguns dias que os teremos abrigados em nosso coração.

E nem ocorrerá da noite para o dia a transformação de nosso sentimento, de um antagonismo intenso para a simpatia irrestrita.

Porém, à medida que entendemos o ensinamento de Jesus, temos condição de dedicar algo mais do que nossa antipatia, a esses que nos parecem pedras de tropeço na jornada.

Assim, à medida que procuramos compreender sua limitação, a tolerância começa a compartilhar espaço onde antes só havia implicância.

Quando conseguimos perceber seus dramas íntimos, a impaciência perde lugar para a indulgência.

Quando conhecemos um pouco de suas histórias de vida, seus dramas e dificuldades, as palavras ríspidas vão sendo substituídas pelo silêncio, quando não, por palavras de apoio.

É assim, no exercício da aproximação sadia, da compreensão do próximo, que o amor inicia seu trajeto.

Inicialmente se faz na forma de algumas virtudes, que lhe são filhas diletas, como a benevolência, a indulgência, o perdão.

Aos poucos vai ganhando forma, permitindo uma convivência mais salutar e enriquecedora.

Por fim, na medida em que permitirmos, o sentimento se transformará em empatia e compreensão.

Portanto, nessas relações difíceis que se apresentam em nossos caminhos, percebamos o grandioso convite que a vida nos faz para exercitarmos o amor ao próximo.

Mesmo sabendo que ainda uma longa caminhada nos espera até que aprendamos, efetivamente, a amá-los, será nos pequenos passos de hoje que conquistaremos esse amor para com esses difíceis de amar.

Exercitemos o amor.

Redação do Momento Espírita.
Em 17.8.2013.

3 de jun. de 2015

Um aluno diferente





A professora levou seus alunos até os jardins do colégio para lhes falar sobre a natureza, mostrando-lhes a natureza viva.

Aproximou-se de um flamboyant, coalhado de flores, e perguntou aos alunos que árvore era aquela.

Alguns disseram que era uma árvore, apenas. Outros, que aquela árvore era um flamboyant, pois em sua casa havia um semelhante.

Uma menina falou que os flamboyants só servem para fazer sujeira na calçada, quando derrubam as flores, pois isso é o que sua mãe diz sempre.

Um garoto disse que seu pai havia cortado um, recentemente, pois suas raízes racharam o muro de seu quintal.

Mas Pedro, menino de alma sensível, começou dizendo que via ali muito mais que uma árvore.

Disse que via as flores, muito belas por sinal, mas que também podia sentir seu suave perfume.

Chamou a atenção para as abelhas que pousavam de flor em flor, e também dos pássaros que buscavam refúgio em seus galhos aconchegantes.

Lembrou que todos estavam sob a sombra generosa que as folhas propiciavam, e apontou para alguns insetos que passeavam, ligeiros, pelo tronco gentil.

Falou, ainda, das muitas vidas que encontravam guarida naquele flamboyant desprendido, como liquens, musgos, pequenas bromélias e outras tantas formas de vida que ele podia perceber.

Eis o que percebo, professora, falou Pedro, com a espontaneidade de um pequeno-grande poeta.

A educadora, ainda embevecida com a aula que acabara de receber, falou amavelmente:Você tem razão, Pedro. Definir este pequeno universo simplesmente como uma árvore, é matar toda a sua grandeza e majestade.

* * *

Existem pessoas que não percebem os flamboyants floridos em praças, bosques e ruas. Elas estão muito ocupadas para perder tempo com coisas sem importância.

Existem pessoas que definem flores e folhas apenas como sujeira indesejável.

Outras preferem cortar árvores de dezenas de anos, para que não rachem seus muros e calçadas de cimento.

Existem também aquelas para as quais os flamboyants representam alguns cifrões. Cortados, podem oferecer madeira para lenha ou se transformar em belos móveis.

E há aquelas pessoas, como o pequeno Pedro, que veem muito mais que uma simples árvore. Veem o autógrafo do Criador, na majestosa obra da natureza.

E você, a que grupo de pessoas pertence?

* * *

Reverenciar a vida é respeitá-la na sua mais ampla forma de expressão.

Albert Schweitzer, o notável e mundialmente famoso missionário, médico, musicista e filósofo da Alsácia, conta, em seu livro autobiográfico intitulado Minha infância e mocidade:

Achava inconcebível antes mesmo de frequentar a escola que, na oração da noite, só me mandassem rezar pelos homens.

Por isso, depois de mamãe orar comigo e dar-me o beijo de boa noite, eu acrescentava, por conta própria, uma pequena oração suplementar, de minha autoria, em nome de todos os seres humanos, dizendo:

Bom Deus, protegei e abençoai tudo o que respira, preservai-nos do mal e fazei-nos dormir tranquilamente!

Um garoto de apenas sete anos de idade, com uma consciência lúcida sobre o que é reverenciar a vida.

Apenas um menino, mas certo de que amar a Deus sobre todas as coisas quer dizer, em primeiro lugar, respeitar Sua obra e todas as coisas por Ele criadas.



Redação do Momento Espírita, com base no livro Minha infância
e mocidade,de Albert Schweitzer, ed. Melhoramentos.
Em 9.8.2012.

O aluno agressivo e o professor paciente






Havia um aluno muito agressivo e inquieto naquela escola.

Ele perturbava a classe e arrumava frequentes confusões com os colegas.

Era insolente e desacatava a todos.

Repetia os mesmos erros com frequência.

Parecia incorrigível.

Os professores não mais o suportavam.

Cogitaram até mesmo de expulsá-lo do colégio.

Antes disso, porém, entrou em cena um professor que resolveu investir naquele aluno.

Todos achavam que era perda de tempo, afinal, o jovem era um caso perdido.

Mesmo não tendo apoio de seus colegas, o professor começou a conversar com aquele jovem, nos intervalos das aulas.

No início era apenas um monólogo, só o professor falava.

Aos poucos, ele começou a envolver o aluno com suas próprias histórias de vida e com suas brincadeiras.

De modo gradativo, professor e aluno construíram uma ponte entre seus mundos.

O professor descobriu que o pai do rapaz era alcoólatra e espancava o garoto e sua mãe.

Compreendeu que o jovem, aparentemente insensível, já tinha chorado muito e, agora, suas lágrimas pareciam ter secado.

Entendeu que sua agressividade era uma reação desesperada de quem pedia ajuda.

Só que ninguém, até então, havia decifrado sua linguagem.

Era mais fácil julgá-lo do que entendê-lo.

O sofrimento da mãe e a violência do pai produziram zonas de conflito na memória do rapaz.

Sua agressividade era um eco da violência que recebia.

Ele não era réu, era vítima.

Seu mundo emocional não tinha cores.

Não lhe haviam dado o direito de brincar, de sorrir e de ver a vida com confiança.

Agora estava perdendo também o direito de estudar, de ter a única chance de progredir.

Estava para ser expulso do colégio.

Ao tomar consciência da real situação, o professor começou a conquistá-lo.

O jovem sentiu-se querido, apoiado e valorizado, pela primeira vez na vida.

O professor passou a educar-lhe as emoções.

Ele percebeu, logo nos primeiros dias, que por trás de cada aluno arredio, de cada jovem agressivo, há uma criança que precisa de afeto.

Em poucas semanas todos estavam espantados com a mudança ocorrida.

O rapaz revoltado começou a demonstrar respeito pelos outros.

Abandonou sua agressividade e passou a ser afetivo.

Cresceu e tornou-se um aluno extraordinário.

Tudo isso porque alguém não desistiu dele.

* * *

Professores ou pais, todos queremos educar jovens dóceis e receptivos.

Queremos ver brotar diante de nossos olhos as sementes que semeamos.

No entanto, são os jovens que nos desapontam, que testam nossa qualidade de educadores.

São filhos complicados que testam a grandeza do amor dos pais.

São os alunos insuportáveis que testam a capacidade de humanismo dos mestres.

Pais brilhantes e professores fascinantes não desistem dos jovens, mesmo que eles causem frustração e não lhes deem o retorno imediatamente esperado.

Paciência é o segredo.

A educação do afeto é a meta.

Os alunos que mais decepcionam hoje poderão ser aqueles que mais alegrias nos trarão no futuro.

Basta investir tempo e dedicação a eles.

Pense nisso.

Redação do Momento Espírita, com base no cap. 5 do
livro Pais brilhantes – professores fascinantes, de
Augusto Cury, ed. Sextante.
Em 21.8.2014.