24 de mar. de 2014

Kardec e a Bíblia



Cláudio Fajardo

A Bíblia é um dos livros mais conhecidos de todos os povos. É sem dúvida um dos maiores sucessos editoriais de todos os tempos, pois trata-se de um dos livros mais vendidos em toda historia da humanidade e um dos mais traduzidos para vários idiomas.

Em todos os tempos estudiosos se debruçaram sobre seus os textos para analisá-los. Textos estes que foram sempre motivos de muitas contradições e já geraram, e ainda hoje são, responsáveis por guerras de grandes conseqüências.

Sempre existiram aqueles que a interpretaram em seu sentido literal, outros ao contrário, viram em suas narrativas alegorias, e buscaram extrair destas alegorias um ensinamento moral mais profundo e de grande alcance. Há ainda os que sempre a tiveram por uma revelação divina escrita pelo próprio Criador de todas as coisas que assumira em vários momentos nomes distintos.

Hoje, historiadores e cientistas conseguem fazer um apanhado mais próximo da realidade e com o avanço da crítica textual definem autores, datas, e a origem de textos, com maior precisão e com menores chances de erro, porém, as polêmicas continuam porque o sentido velado destes mesmos textos, afirmam alguns, só podem ser percebidos com os olhos da alma, com a profunda integração dos estudiosos com as forças transcendentais da vida e com um estudo minucioso de cada palavra ali contida com um objetivo, mesmo que este, por origem divina, tenha passado despercebido até mesmo de seus autores físicos.

Este livro influenciou muitos povos, fez história, ergueu e destruiu impérios, marcou constituições e determinou atitudes políticas em todos os tempos.

Em nosso movimento espírita não têm sido menos polêmicos os estudos de seu conteúdo, e até com certa descrença alguns espíritas têm perguntado: “deve o espírita estudar a Bíblia?” Outros têm ido mais além respondendo que não, e há ainda aqueles, apesar de minoria, que não concordam nem mesmo com o estudo do Novo Testamento, dizendo que bastam as anotações do Codificador do espiritismo em “O Evangelho Segundo o Espiritismo”.

A estes dirigimos estas linhas dizendo que estão eles em grande contradição com os próprios textos básicos de nossa literatura espírita, pois estes informam-nos claramente ser o espiritismo uma filosofia cristã, e que Jesus é o Guia e Modelo para todos nós que trilhamos o caminho evolutivo traçado por Deus desde a criação de todas as coisas.

O Evangelho Segundo o Espiritismo é uma obra ímpar, de grande importância, e de qualidade incontestável, porém não foi escrito com o objetivo de elucidar todo o conteúdo do Novo Testamento, seu propósito maior foi ampliar, explicando, o conteúdo moral do Evangelho de Jesus e fazer uma conexão deste com a revelação dos Espíritos Superiores.

Além de O Evangelho Segundo o Espiritismo, que é o livro mais conhecido da literatura espírita, Kardec responde a esta nossa questão de que se deve a Bíblia ser estudada pelos espíritas em vários outros textos contidos na codificação.

É preciso antes de tudo lembrar que Kardec foi um cientista, um educador e um sábio de seu tempo, e deste modo, e por fazer tudo isso com uma competência tal que o projetou para muito além de seus dias, não se viu impedido de aceitar desafios; desta feita estudou minuciosamente não só a Bíblia como textos sagrados de várias outras filosofias religiosas ponderando com saber e lógica sobre as contradições de cada um e de seu sentido espiritual mais profundo.

Já na questão 59 de O Livro dos Espíritos disserta sobre colocações bíblicas a respeito da Criação com considerações que devem ser ponderadas por todos nós.

Como introdução a estas questões, na pergunta de nº 50, questiona sobre o início da humanidade no orbe induzindo os Espíritos a falarem sobre o figura mítica de Adão, figura esta bem colocada para todos nós nos primeiros movimentos do livro Gênesis atribuído até então, a Moisés.

Os Espíritos informam a Kardec que Adão não foi o primeiro nem o único homem a povoar a Terra àquele tempo, e dizem mais:

O homem, cuja tradição se conservou sob o nome de Adão, foi dos que sobreviveram, em certa região, a alguns dos grandes cataclismos que revolveram em diversas épocas a superfície do globo, e se constituiu tronco de uma das raças que atualmente o povoam. As leis da Natureza se opõem a que os progressos da Humanidade, comprovados muito tempo antes do Cristo, se tenham realizado em alguns séculos, como houvera sucedido se o homem não existisse na Terra senão a partir da época indicada para a existência de Adão.[2]

Como dissemos, na questão 59 Kardec amplia, fruto de seus estudos, os comentários sobre colocações bíblicas concernentes à Criação, dizendo que a Bíblia, se interpretada literalmente, erra não só quanto a Adão não ser o primeiro e único homem que originou a humanidade, como também comenta sobre a impossibilidade de ter sido criado o mundo em seis dias de vinte quatro horas apenas; e também sobre a questão do movimento da Terra, que, em determinada época, pareceu se opor aos textos bíblicos que a viam imóvel, além de outras questões importantes sobre quando se deu o início da criação, que o Gênesis situa há quatro mil anos antes de Cristo, e que a ciência mostra ser inverossímil esta data, pela anterioridade de fósseis encontrados que datavam de tempo muito anterior a este.

Depois de pormenorizados comentários a respeito deste tema e de outros, Kardec conclui perguntando: Dever-se-á daí concluir que a Bíblia é um erro?

Ao que ele mesmo com a sabedoria e o bom senso que lhe eram peculiares responde:

Não; a conclusão a tirar-se é que os homens se equivocaram ao interpretá-la.[3]

Mostrando para todos nós que deveríamos estudar a Bíblia, como ele fez, e que caberia aos espíritas reinterpretá-la às luzes da ciência espírita.

Mais adiante, no livro A Gênese, Kardec volta ao tema dizendo:

De todas as Gêneses antigas, a que mais se aproxima dos modernos dados científicos, sem embargo dos erros que contém, postos hoje em evidência, é incontestavelmente a de Moisés. Alguns desses erros são mesmo mais aparentes do que reais e provêm, ou de falsa interpretação atribuída a certos termos, cuja primitiva significação se perdeu, ao passarem de língua em língua pela tradução, ou cuja acepção mudou com os costumes dos povos, ou, também, decorrem da forma alegórica peculiar ao estilo oriental e que foi tomada ao pé da letra, em vez de se lhe procurar o espírito.[4]

Sobre alguns pontos, há, sem dúvida, notável concordância entre a Gênese moisaica e a doutrina científica; mas, fora erro acreditar que basta se substituam os seis dias de 24 horas da criação por seis períodos indeterminados, para se tornar completa a analogia. Não menor erro seria o acreditarse que, afora o sentido alegórico de algumas palavras, a Gênese e a Ciência caminham lado a lado, sendo uma, como se vê, simples paráfrase da outra.[5]

Na continuidade deste capítulo XII do mesmo livro A Gênese, Kardec faz uma detalhada comparação entre o que diz a ciência sobre os períodos geológicos de formação planetária e os seis dias da criação conforme as anotações mosaicas, vindo a dizer:

Desse quadro comparativo, o primeiro fato que ressalta é que a obra de cada um dos seis dias não corresponde de maneira rigorosa, como o supõem muitos, a cada um dos seis períodos geológicos. A concordância mais notável se verifica na sucessão dos seres orgânicos, que é quase a mesma, com pequena diferença, e no aparecimento do homem, por último. É esse um fato importante.

Há também coincidência, não quanto à ordem numérica dos períodos, mas quanto ao fato em si, na passagem em que se lê que, ao terceiro dia, «as águas que estão debaixo do céu se reuniram num só lugar e apareceu o elemento árido». É a expressão do que ocorreu no período terciário, quando as elevações da crosta sólida puseram a descoberto os continentes e repeliram as águas, que foram formar os mares. Foi somente então que apareceram os animais terrestres, segundo a Geologia e segundo Moisés.[6]

Não é nosso objetivo neste texto singelo fazer comentários mais profundos sobre as considerações de Kardec, nem muito menos acrescentar algo como interpretação dos textos mosaicos, apenas mostrar que o Codificador estudava a Bíblia e nos ensinava como fazer.

Deste modo, ele recorre aos termos originais do hebraico várias vezes para melhor compreender a essência do que queriam dizer os autores bíblicos, comenta outros textos como os do dilúvio, da perda do paraíso, nos mostrando ser possível fazer uma exegese fundamentada nos ensinamentos espíritas e assim muito aprender com esta literatura, que diga-se de passagem é de ótima qualidade.

E ainda neste mesmo capítulo de A Gênese reitera o que havia dito em O Livro dos Espíritos:

Não rejeitemos, pois, a Gênese bíblica; ao contrário, estudemo-la, como se estuda a história da infância dos povos.

Trata-se de uma época rica de alegorias, cujo sentido oculto se deve pesquisar; que se devem comentar e explicar com o auxílio das luzes da razão e da Ciência. Fazendo, porém, ressaltar as suas belezas poéticas e os seus ensinamentos velados pela forma imaginosa, cumpre se lhe apontem expressamente os erros, no próprio interesse da religião. Esta será muito mais respeitada, quando esses erros deixarem de ser impostos à fé, como verdade, e Deus parecerá maior e mais poderoso, quando não lhe envolverem o nome em fatos de pura invenção.[7]

É sobre o Novo Testamento que Kardec mais se ocupa com interpretações de grande inteligência.

Na introdução de o Evangelho Segundo o Espiritismo mostra que esta obra priorizaria o conteúdo moral dos ensinamentos de Jesus, deixando para outros momentos temas mais polêmicos que podiam dividir as opiniões. Mesmo assim mostra-nos a importância de fazermos uma análise histórica, cultural e sociológica daquele período em que Jesus viveu, e vai mais além, tanto analisando algumas expressões idiomáticas do hebraico, como fazendo uma conexão entre as filosofias de Sócrates e Platão, com os ensinamentos de Jesus e com a Doutrina Espírita que surgia.

Nos livros A Gênese e em Obras Póstumas, obra publicada após o seu desenlace, volta ao tema desta vez analisando à luz do Espiritismo temas, como dissemos anteriormente, mais polêmicos.

No primeiro Kardec analisa os ditos “milagres” feitos por Jesus, como curas, ressurreições, profecias, entre outros. Mostrando-nos que o que foi chamado de milagre nada mais era do que um desconhecimento do homem sobre algumas leis da natureza. Jesus, por ser um Espírito de grande evolução, de alta hierarquia espiritual, tinha conhecimento destas leis e agia consoante a vontade do Pai atuando nas causas dos problemas, atingindo assim resultados incompreendidos pelo ser humano comum.

Kardec teve a coragem de dizer sem perder entendimento em matéria de religiosidade, que a Lei Divina não pode ser derrogada nem por Jesus e nem mesmo por Deus, portanto não havia milagres, mas tudo se dava como fruto de ação consciente num nível mais profundo de espiritualidade.

Já no livro Obras Póstumas o Codificador faz um estudo minucioso sobre a natureza de Jesus, mostrando-nos, com maestria, baseado nas próprias palavras do Mestre e na opinião de suas testemunhas vivas, os apóstolos, que Jesus não era Deus, e esta crença que surgiu nos séculos posteriores do cristianismo não tinha fundamentação bíblica e era pura deturpação dos textos originais das escrituras.

Estes textos devem ser meditados e estudados por todos os espíritas como resposta àquela questão que comentamos no início, de que se deve ou não o espírita estudar a Bíblia. Servindo para outros irmãos ligados a outras crenças religiosas para mostrá-los que o Espiritismo além de ser uma filosofia cristã também se preocupa em estudar a Bíblia tendo por exemplo, o seu Codificador.

E mesmo outros estudiosos dos textos sagrados que realizam importantes comentários sobre as escrituras citando historiadores e profitentes de várias crenças, deviam conhecer um pouco mais de Kardec e a sua opinião sobre esta, que como dissemos no início, é uma das obras mais importantes da literatura mundial.


[1] Alguns autores dão como mais seis bilhões de exemplares vendidos e mais de dois mil idiomas em que foram traduzidos os originais.
[2] O Livro dos Espíritos, questão 51
[3] Ibidem, questão 59
[4] A Gênese, cap. IV item 5
[5] Gênese, cap. XII item 3
[6] Ibidem, item 6
[7] Ibidem, item 12

Virando Páginas

“A vida não é estabilidade, é saber andar em equilíbrio” é uma frase forte e que balança estruturas, principalmente dos muitos que passam a vida inteira buscando por estabilidade.

Mas a verdade é que nunca sabemos sobre o dia de amanhã, isso é fato, temos é que parar de sofrer por isso. Há uma frase que diz assim: “é no chão que a vida floresce”, ou seja, é muito bom e devemos sempre sonhar com um mundo melhor, mas é no hoje, no presente, nesse momento que construímos uma vida melhor. virando páginas
O passado passou, necessário virar páginas, só assim, para sermos felizes. Scheilla no livro Virando Páginas nos diz: “vire as páginas do ontem, abra novas páginas, aprenda a ser feliz”, afinal estamos aqui para isso, para sermos felizes.
E todos aqueles que tiverem a oportunidade de ter contato com a obra de Scheilla se encantarão com a maneira sutil e simples com que Scheilla conversa conosco, é uma conversa de alma para alma, um chamado a reflexões mais profundas.
“A existência é a realidade da essência, na mesma proporção em que a essência é a base na qual se assenta a existência.”
Somos a nossa história e fechar páginas menos felizes é tarefa nossa, é questão de escolha. É verdadeiramente um ato de coragem. Era para ser tarefa simples, mas estamos arraigados ao pensamento de que a vida tem que ser difícil, nos esquecemos de que a vida é nossa e deveríamos sempre optar por caminhos menos tortuosos.
Necessário construir páginas novas, construir histórias novas. Definitivamente, onde quer que nos encontremos, somos sempre a nossa história! Ou como diz Scheilla “somos a história viva de nós mesmos”.
Todos os dias escrevemos páginas individuais e páginas coletivas. Estamos a todo o momento, escrevendo, grafando memórias e fazendo história. Vamos procurar imprimir novos rumos às paginas da nossa vida. Parafraseando Scheilla, vamos decidir, conscientemente, por não mais insistir em rabiscar ou reescrever velhas histórias.
Que as suas novas páginas, novas histórias, sejam mais felizes, mais engrandecedoras e mais nobres.
“Vire a página, lembre-se de que tudo começa e termina em você!”
Maria Luiza Torres
Editora Itapuã

Informativo: Março


“Estudo, disciplina, trabalho e
amor ao próximo”



INFORMATIVO


Boletim informativo do Grupo Espírita Caminho de Damasco – Ano XV nº179, março de 2014 .


Editorial

Queridos irmãos os esforços continuam grandes para mantermos a periodicidade mensal de nosso informativo.
Mais uma vez conseguimos superar as dificuldades confiantes no auxílio do Alto.
Fica o nosso agradecimento aos cooperadores de “ambos os planos”.
No presente informativo, apresentamos um artigo bastante interessante sobre a metodologia ideal, a ser adotada em nossas atividades espíritas. Temos também um verso igualmente interessante e divertido para nossa reflexão.
Muita paz!

Boa leitura!
Afinal...Que Método Usar?
,
A definição da palavra método, conforme o dicionário, é ordem que se segue na procura da verdade, no estudo de uma ciência, para alcançar um fim determinado; técnica, processo de ensino; maneira de proceder, entre outras.
A própria definição, portanto, já indica um critério organizado para alcance de determinados fins. Qualquer planejamento de estudo ou trabalho definirá um método a ser seguido.
O tema é de nosso interesse imediato, considerando-se a necessidade e importância de organizarmos ou reorganizarmos nossas instituições, inspiradas e fundadas pelo ideal espírita, a fim de que correspondam na prática aos objetivos do Espiritismo.
Aliás, vale recordar: qual o objetivo principal do Espiritismo?
O próprio Allan Kardec responde no artigo O que o Espiritismo ensina, publicado na Revista Espírita de agosto de 1865, quando afirma que “...O Espiritismo tende para a regeneração da Humanidade; este é o um fato adquirido. Ora, esta regeneração não podendo se operar senão pelo progresso moral, disto resulta que seu objetivo essencial, providencial, é a melhoria de cada um...”.
Entendido o objetivo essencial do Espiritismo, seria o caso de perguntar-se qual a missão ou objetivo do Centro Espírita, ou se quisermos generalizar, das instituições espíritas inspiradas pelo ideal espírita? A que se destina o funcionamento de tais instituições?


Fica óbvio que tais instituições foram fundadas e funcionam para tornarem práticos, acessíveis e poderíamos dizer até populares, os meios de a própria Doutrina Espírita atingir seus objetivos essenciais. Representantes do Espiritismo, tais como instituições, devem honrar o adjetivo espírita que adotam, organizando-se com métodos que correspondam aos próprios objetivos.
Em O Livro dos Médiuns, Allan Kardec dedica um capítulo especial à questão com o título Do Método. É o capítulo III da citada obra, onde comenta sobre as diversas classes de materialistas e de adeptos, ponderando sobre a importância de se estabelecer um método de argumentação e mesmo de ensino para a exata compreensão da teoria espírita. E afirma que “... o melhor método de ensino espírita é o de se dirigir à razão antes de se dirigir aos olhos.(...)”
A afirmação de Kardec refere-se à necessidade do estudo prévio da teoria para entendimento amplo da realidade apresentada pela Revelação Espírita, em toda sua amplitude, desclassificando qualquer tipo de imprudência ou precipitação.
E para prevenir e mesmo orientar o progresso do Espiritismo e seu movimento, através das décadas, o Codificador incluiu no mesmo O Livro dos Médiuns, capítulos específicos como o XXIX – Reuniões e Sociedades Espíritas e o XXX – Regulamento da Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas.
Além do valioso texto Constituição do Espiritismo (subdividido em diversos capítulos), que foi publicado posteriormente em Obras Póstumas (publicada após a desencarnação do Codificador).
Ora, tais documentos atendem aos objetivos da presente matéria: como organizar nossas instituições? Que métodos utilizar?
Afinal, ao lado e até como conseqüência do ensino espírita propriamente dito, desdobram-se as demais atividades que, embora secundárias, adquirem caráter importante na educação e preparo dos adeptos, formando a consciência espírita.
As instituições dedicam-se às tarefas de assistência espiritual e material, fomentam atividades de divulgação, participam do movimento espírita trocando experiências com outras instituições e não se excluem da integração com a própria sociedade onde estão instaladas.
Seria o caso de fazermos uma avaliação sobre o que já está sendo feito ou pensarmos na melhor maneira de organizar uma atividade nova. São questões básicas:
a.     Como organizar uma tarefa de aplicação de passes?
b.    Como conduzir uma reunião mediúnica?
c.     Como organizar um curso de doutrina espírita, de maneira motivadora, envolvente, dinâmica?
a.     E a tarefa de distribuição de sopa, alfabetização de adultos ou atendimento de gestantes?
b.    E a edição de um boletim ou informativo interno, visando divulgar a doutrina e integrar seus trabalhadores?
c.     Qual a melhor maneira de superar conflitos de relacionamento interno?
d.    Podemos formar novos expositores?
e.     E o ensino espírita para os jovens e crianças?
f.     Para a educação mediúnica, que método utilizar?
g.    A formação de liderança, a condução administrativa da instituição e mesmo a preparação de novos trabalhadores podemos discutir?
h.     Há uma regra para as palestras?
i.      Que livros divulgar?
j.      E se temos um hospital, um orfanato, uma creche, um lar ou uma escola como departamento da instituição, que critérios utilizar?
k.     Como conseguir recursos, vencer as dificuldades?
Notem os leitores que é uma lista imensa que pode receber inúmeros outros acréscimos, dos casos e casos da realidade de cada instituição e da própria amplitude da atividade espírita com detalhes específicos em razão mesmo da dinâmica espírita e da variedade de experiências possíveis.
Ao mesmo tempo, podemos notar ainda que cada pergunta acima enumerada abre outro leque de questionamentos e reflexões. Haverá sempre muitas dúvidas que cada grupo ou instituição vai levantar..
E as respostas surgirão naturalmente, se embasarmos nossas reflexões utilizando o critério espírita, o método mesmo apresentado por Allan Kardec em O Livro dos Médiuns, acima citado, e que repetimos aqui: “... o melhor método de ensino espírita é o de se dirigir à razão antes de se dirigir aos olhos. (...)”.
Ora, isso solicita o uso do raciocínio. Exige pensar, avaliar, ponderar, colher subsídios, analisar criteriosamente à luz da razão e do conhecimento espírita, é óbvio, para planejar com segurança o rumo das atividades.
Afinal, o que diz a Doutrina Espírita?
Estamos ou não comprometidos com o Espiritismo? Desejamos trazer inovações ou utilizar a proposta do Espiritismo? Já que tal proposta valoriza o ser humano e convida-o à melhora moral, as atividades de nossas instituições espíritas devem dirigir-se ao esclarecimento que evita os desastres morais, causas dos sofrimentos que tanto infelicitam a sociedade em todos os tempos.
E mais que a própria teoria, a vivência dessa proposta no ambiente onde a desenvolvamos.
Paralelamente a isto, outros questionamentos podem ser trazidos para debates – também visando o uso de um método -, auxiliando-nos a raciocinar no encontro de caminhos que nos ajudem a atingir aqueles objetivos propostos pela constituição do Espiritismo:
a) Como manter-me calmo diante de situações adversas?
b) Como conseguir equilíbrio interior?
c) Como conviver de maneira cristã?
d) Como melhorar a mim mesmo?
e) Como adquirir paciência, amar mais, confiar mais amplamente?
Estas e outras questões pertinentes devem ser levadas ao cotidiano de estudos em nossas instituições, pois nelas residem muitas vezes a causa de desencontros e quedas morais infelicitadoras. E a oportunidade de debates facilita o entendimento de tais temas à luz do Espiritismo.
Por isso, com todo empenho recomendamos aos leitores a leitura e estudo atento do artigo de autoria de Allan Kardec, constante da Revista Espírita de agosto de 1865 com o título O que o Espiritismo ensina.
E ainda o livro Viagem Espírita em 1862, que constitui um valioso documento de orientação do próprio Codificador, dirigidas a grupos espíritas de sua época, mas de grande valor histórico, cultural e de orientação prática propriamente dita.
Por outro lado, uma nova leitura do capítulo III de O Livro dos Médiuns e das indicações de Obras Póstumas completam um belo conjunto de orientações.
O fato final, porém, é que as dificuldades existem, mas a orientação também, bem mais abrangente.
Buscando a teoria, elaborada com o caráter revelador do Espiritismo, encontraremos as respostas que procuramos. Basta colocar cada coisa em seu lugar, com o devido embasamento fornecido pela própria Doutrina Espírita, onde estão presentes o amor, a disciplina, e o convite ao bem.

 







No meu funeral...

No meu funeral
Estava bem vestido
Fato completo
O caixão colorido

Como estava bem
C’a minha consciência
Fui convidado a ir
à última residência

Amigos espirituais
Me acompanharam
Nos últimos momentos
Onde me aclamaram

Sorridente e feliz
Por largar a carcaça
Estranhava a tristeza
De toda a minha raça

Do sincero ao fingido,
De tudo encontrei
Os que choravam sem chorar
E os que cumpriam a “lei”

Flores e mais flores,
Choros e abraços
Faziam parte do folclore
Com muitos “palhaços”

Sinceros, contei poucos,
A esposa e mais cinco,
Os outros não viam a hora
De ver o caixão c’o trinco

Tanta opulência
E muita vaidade
Só porque era conhecido
Na falsa sociedade








O padre, com ar triste,
Cumpria o seu ritual
Simulando tristeza
Só queria o pilim final

Só aí compreendi
Como somos vulneráveis
Não conseguimos esconder
Os desejos condenáveis

Tranquilo e feliz
Por ter mudado de plano
Via aquela gente-actriz
Em doloroso engano

Aprendi depois de morrer
Que não sabemos ajudar
Aquele que morreu,
E que vai a enterrar

Espiritualistas, vários,
Portamo-nos como irracionais
Fazendo da cerimónia
Uma festa entre os demais

 

Da anedota chula,
Ao “corte na casaca”
Tudo eu ouvia
Naquela grande ressaca

Amigos, poucos,
Por mim oravam,
Outros, na memória,
O bem, imploravam.

No fim, dei um beijo
À esposa e familiares,
E logo parti
C’os meus auxiliares.

Se queres bom funeral,
Que seja pequeno e discreto
Leva vida correta,
Pois a vida é livro aberto 

Enquanto estiveres aí
E fores aos funerais
Fá-lo com sentimento
Não sejas com’os demais


Poeta alegre 
Psicografia recebida por JC, Óbidos, Portugal, em 2014-02-10




"I" Até a próxima!                                    



23 de mar. de 2014

Caridade


Caridade, estrela luminosa a indicar o caminho redentor para todos aqueles que se curvam com humildade ao imperativo do amor ao próximo.
Caridade para com a criança abandonada, que sofrida enlanguesce de fome e de frio, desnutrida, descalça e faminta, vivendo por aí soterrada nas múltiplas dificuldades que lhe abatem a estima, lhe fazendo enxergar pela frente tão somente horizontes de penúria e desvalimento.
Caridade para com todas as mães que lutam e choram vivendo diariamente em desespero pleno, ao vislumbrar sua prole clamando por socorro e vivendo em estado de completo desvalimento. Todos lhe exigindo esforços redobrados, amparo, proteção, e se possível um naco de pão que venha lhes mitigar a fome.
Caridade para com o velho que extenuado pelas lutas já vividas, hoje fraco, cansado e alquebrado, alimentando-se tão somente das recordações, sorvendo dia após dia os cálices amargos do abandono, do esquecimento e do desprezo.
Caridade para com todos aqueles que passam os seus dias a deambular por entre os espinheiros das dificuldades mais imediatas, aprofundando-se pouco a pouco nos charcos da angustia e das incompreensões.
Caridade para com aqueles que continuam a seguir o caminho severino  derramando suas lágrimas doloridas, abraçados a miseras nesgas de esperança e sonhando com dias mais venturosos.
A Doutrina Espirita, como o Consolador Prometido por Jesus, tem proclamado em todas as direções que, “Fora da Caridade não há salvação”, convidando-nos para a realização de um profundo autoexame acerca das nossas ações em torno da caridade. Qual tem sido o nosso papel, diante aos múltiplos sofrimentos que pululam por entre as nossas realidades?
Caridade bendito farol. Luz misericordiosa a derramar sobre uma legião de necessitados, benfazejas filigranas de renovadas esperanças. Bussola segura a guiar todos aqueles que iluminados pelo Consolador Prometido têm atendido aos convites de Jesus, devotados ao exercício pleno do “Amor ao Próximo” e cientes de que verdadeiramente este é o maior dos mandamentos. A caridade é sem duvida o mais venturoso dos caminhos a indicar ao homem que se encontra hoje nas trilhas iniciais da regeneração as direções seguras para o amor e a felicidade.

Francisca Paula de Jesus
Casa de Caridade Herdeiros de Jesus
Reunião mediúnica de 23.05.2013
Médium – Jairo Avellar