26 de nov. de 2011

Obsessão e Vampirismo.




Quem, mesmo não sendo espírita, já não ouviu falar em obsessão, em espírito obsessor? Mas apesar de ser um termo tão conhecido, existem muitos enganos sobre o que vem a ser exatamente uma obsessão. É importante frisar que existe a obsessão e o vampirismo, que são dois fenômenos diferentes, apesar de se confundirem muitas vezes.

Creio este ser um tema muito complexo, portanto não dá para ser abordado em um único post, mas gostaria apenas de fazer uma pequena introdução, para mais tarde destrinchar melhor o assunto, pois considero-o muito importante. Todos nós precisamos saber como ocorrem as influenciações espirituais negativas para saber diagnosticar quando estiverem ocorrendo conosco ou com aqueles com quem convivemos, afinal, nenhum de nós está imune a isso, apesar de ser relativamente fácil evitar.


Bom, para falar de uma maneira bem simples, a obsessão nada mais é do que alguém muito ligado a algo, seja um pensamento, um objeto ou uma pessoa, com uma idéia fixa. A gente até está acostumado a falar no dia-a-dia: “fulano está obcecado por aquilo...”. É mais ou menos assim. Dessa forma, o espírito acaba influenciando a pessoa, nos seus pensamentos e atitudes, dominando sua vontade.


O obsessor na verdade é apenas alguém como nós,
a quem os sofrimentos e desenganos desequilibraram, certamente com a nossa participação. Isto é importante deixar bem claro, pois certamente o obsidiado (a vítima), possui alguma ligação com o obsessor, geralmente oriunda de vidas passadas, onde o obsidiado de hoje pode ter sido o algoz de ontem e que agora se apresenta como vítima, ou então, é o comparsa de crimes, que o cúmplice não quer perder, tudo fazendo para cerceá-lo em sua trajetória. E obviamente isso não é saudável para nenhum dos lados.

É interessante observar também que não só os desencarnados obsediam os encarnados. Os encarnados também podem obsediar um desencarnado, simplesmente com um sentimento, um pensamento fixo, atraindo-o para perto. E também há a obsessão de encarnados para encarnados.


Em relação ao vampirismo, vejamos o que André Luiz nos diz a respeito*: “Sem nos referirmos aos morcegos sugadores, o vampiro, entre os homens, é o fantasma dos mortos, que se retira do sepulcro, alta noite, para alimentar-se do sangue dos vivos. Não sei quem é o autor de semelhante definição, mas, no fundo, não está errada. Apenas cumpre considerar que, entre nós, vampiro é toda entidade ociosa que se vale, indebitamente, das possibilidades alheias e, em se tratando de vampiros que visitam os encarnados, é necessário reconhecer que eles atendem aos sinistros propósitos a qualquer hora, desde que encontrem guarida no estojo de carne dos homens.”

Assim como acontece na obsessão, o vampirismo também ocorre de maneira recíproca, ou seja, com participação de ambos os lados. E também ocorre de encarnado para encarnado, desta maneira: quando nos aproximamos de outra pessoa sempre ocorrerá uma simbiose energética, ou seja, estamos permanentemente trocando energias com as outras pessoas. Assim, no momento que cada um de nós interage com outros seres humanos que de nós se aproximam, estabelecemos com eles os mais variados tipos de combinações energéticas, influenciando-os e por eles sendo influenciados. Por isso que muitas vezes depois de nos encontrarmos com determinadas pessoas nos sentimos fracos, com um mal-estar inexplicável. Ocorre que esta pessoa pode ter sugado nossas energias, até mesmo sem perceber. As pessoas se tornam vampiros, ou sugadoras de energia, ao absorverem a energia do outro. Normalmente estas pessoas encontram-se desequilibradas e por isso ficam debilitadas. Quase sempre essas pessoas são egoístas e egocêntricas e sua presença torna desagradável o ambiente.

Mas... e como fazer para nos manter livres das influências espirituais negativas?

Bom, devemos sempre ter em mente que para eliminar as más influências é indispensável destruir a causa de atração, ou seja, o remédio mais eficaz contra as más influenciações espirituais é a vigilância constante contra as nossas próprias imperfeições morais, para que assim consigamos permanecer o mais equilibrado possível.

Devemos nos esforçar para temperar as nossas atividades diárias, sejam elas quais forem, com honestidade, dignidade, sinceridade, justiça, compreensão, tolerância, humildade, respeito, amor etc.

Bons hábitos de vida também são desejáveis. Tudo em excesso faz mal. Alimentação desregrada, fumo, bebidas alcoólicas... Tudo isso atrai para junto de nós os desencarnados que ainda se ligam a essas más paixões e que desejarão desfrutar um pouco desses vícios através dos encarnados.



Sentimentos negativos como ódio, mágoa, egoísmo, inveja, vaidade, orgulho, vaidade, cupidez, assim como os desvios sexuais também causam enormes desequilíbrios, tornando-nos presas fáceis dos maus espíritos, pois esses sentimentos dentro de nós assemelham-se a um ímã, visto a atração que exercem.

Ninguém é perfeito, não somos santos, se assim fosse, não estaríamos aqui, mas é preciso que façamos nossa parte se quisermos realmente encontrar a verdadeira felicidade. A paz deve começar antes de tudo dentro de nós mesmos.

A realização do Evangelho no Lar é muito importante, pois cria um ambiente de luz, onde os espíritos dedicados ao Bem estarão sempre presentes. A presença de Espíritos iluminados no ambiente doméstico afasta aqueles de índole inferior, que desejam a desunião e a discórdia. Veja como proceder no post “Evangelho no Lar”.

Como já também já coloquei em outro post (A oração Segundo André Luiz), a oração é o mais eficiente antídoto do vampirismo. Portanto amigos, oremos sempre, pedindo a proteção Divina, e certamente, os bons espíritos, em nome da bondade e da misericórdia do nosso Pai, nos atenderão as preces, de acordo com o nosso merecimento.

Bom, no próximo post colocarei aqui um texto que achei muito bom e que fala de uma maneira bem simples sobre as influências espirituais negativas.

Espero que tenha dado para esclarecer um pouco, depois abordarei novamente estes dois temas (obsessão e vampirismo).

Lembremos sempre do que nos falou nosso querido André Luiz*: “Não podemos evitar que a ave de rapina cruze os ares, sobre a nossa fronte, mas podemos impedir que faça ninho em nossa cabeça.”

Abraços a todos! Muita paz e luz!
Adriana

*Citações de André Luiz retiradas do livro “Missionários da Luz.

INFLUENCIAÇÕES ESPIRITUAIS SUTIS.


POR QUE AS COISAS MUDAM DE REPENTE?

De repente, o que estava bem começa ir mal. O que era alegria vira tristeza, o que era estímulo se transforma em fardo.

O que houve? Por que aquela pessoa tão importante para você sem mais nem menos tornou-se dispensável, até insuportável? Por que o lar, outrora feliz, agora é poço de irritação, despesas e preocupações?


E o trabalho? Como pode? Você sonhou tanto para chegar lá! Fruto de estudo, sacrifício e dedicação, seu trabalho diz de sua determinação e capacidade. No entanto... agora, como custa chegar até ele todos os dias, como você sonha com alguma licença, alguma ocorrência, um milagre até que o leve para bem longe dos afazeres que hoje raramente lhe dão algum prazer.


Aliás, você gostaria de ficar longe de sua família também... Pai, mãe, todo mundo... Gostaria igualmente de dar um tempo com a companheira, com o companheiro, com as amizades, com os lugares que freqüenta, com a cidade em que mora, com sua casa...


Pensando bem, com a casa não. Melhor ficar em casa, na cama que é lugar quente e lá não acontece nada. Melhor dormir. A vida anda uma droga mesmo!...


Meu amigo, minha amiga, pense um pouco: tem alguma coisa errada aqui, não tem?
Afastada a ocorrência de alguma doença física, é pouco lógico que tudo o que lhe era mais caro num momento, deixe de sê-lo completamente no momento seguinte, não é mesmo? Vamos ver o que é isso com um grande professor na matéria, nosso querido André Luiz?


Na mensagem abaixo, ele enumera várias situações que todos nós já enfrentamos ou enfrentaremos, às quais devemos estar atentos para não perdermos o que é nosso de direito, para não sofremos golpes imerecidos e para não desperdiçarmos oportunidades valiosas de crescimento afetivo e profissional: as sempre perigosas influenciações sutis advindas do plano espiritual inferior. (Instituto André Luiz)

FIQUE ATENTO:

Sempre que você enfrente um estado de espírito tendente ao derrotismo, perdurando há várias horas, sem causa orgânica ou moral de destaque, avente a hipótese de uma influenciação espiritual sutil.


Seja claro consigo para auxiliar os Mentores Espirituais a socorrer você. Essa é a verdadeira ocasião da humildade, da prece, do passe.

Dentre os fatores que mais revelam essa condição da alma, incluem-se:

  • Dificuldade de concentrar idéias em motivos otimistas;
  • Ausência de ambiente íntimo para elevar os sentimentos em oração ou concentrar-se em leitura edificante;
  • Indisposição inexplicável, tristeza sem razão aparente e pressentimentos de desastres imediatos;
  • aborrecimentos imanifestos por não encontrar semelhantes ou assuntos sobre quem ou o que descarregá-los.
  • Pessimismos sub-reptícios, irritações surdas, queixas, exageros de sensibilidade e aptidão a condenar quem não tem culpa;
  • Interpretação forçada de fatos e atitudes suas ou dos outros, que você sabe não corresponder à realidade;
  • Hiperemotividade ou depressão raiando a eminência do pranto;
  • Ânsia de revestir-se no papel de vítima ou de tomar uma posição absurda de automartírio;
  • Teimosia em não aceitar, para você mesmo, que haja influenciação espiritual consigo, mas, passados minutos ou horas do acontecimento, vêm-lhe a mudança de impulsos, o arrependimento, a recomposição do tom mental e, não raro, a constatação de que é tarde para desfazer o erro consumado.


São sempre acontecimentos discretos e eventuais por parte do desencarnado e imperceptíveis ao encarnado pela finura do processo.
O Espírito responsável pode estar tão inconsciente de seus atos que os efeitos negativos se fazem sentir como se fossem desenvolvidos pela própria pessoa.

Quando o influenciador é consciente, a ocorrência é preparada com antecedência e meticulosidade, às vezes, dias e semanas antes do sorrateiro assalto, marcado para a oportunidade de encontro em perspectiva, conversação, recebimento de carta, clímax de negócio ou crise imprevista de serviço.

Não se sabe o que tem causado maior dano à Humanidade: se as obsessões espetaculares, individuais e coletivas, que todos percebem e ajudam a desfazer ou isolar, ou se essas meio-obsessões de quase obsidiados, despercebidas, contudo bem mais freqüentes, que minam as energias de uma só criatura incauta, mas influenciando o roteiro de legiões de outras.

Quantas desavenças, separações e fracassos não surgem assim?
Estude em sua existência se nessa última quinzena você não esteve em alguma circunstância com características de influenciação espiritual sutil.
Estude e ajude a você mesmo.

ANDRÉ LUIZ - Livro "Estude e Viva" - Psicografia Chico Xavier e Waldo Vieira

"Seja claro consigo para auxiliar os Mentores Espirituais a socorrer você. Essa é a verdadeira ocasião da humildade, da prece, do passe." - André Luiz


Sempre que se sentir influenciado ou se reconhecer nas indicações fornecidas acima, procure um Centro Espírita. Na palestra, no passe ou no estudo, o socorro adequado virá através do Plano Espiritual a serviço de Jesus.

Obsessão (Parte 1 de 3)




- PARASITISMO DA ALMA -


1 - Como iniciou-se a obsessão e o vampirismo na sociedade humana?

André Luiz - Encontramos os circuitos de obsessão e de vampirismo entre encarnados e desencarnados, desde as eras recuadas em que o espírito humano, iluminado pela razão, foi chamado pelos princípios da Lei Divina a renunciar ao egoísmo e à crueldade, à ignorância e ao crime.

Rebelando-se, no entanto, em grande maioria, contra as sagradas convocações, e livres para escolher o próprio caminho, as criaturas humanas desencarnadas, em alto número, começaram a oprimir os companheiros da retaguarda, disputando afeições e riquezas que ficavam na carne, ou tentando empreitadas de vingança e delinqüência, quando sofriam o processo liberatório da desencarnação em circunstâncias delituosas.


As vítimas de homicídio, e violência, brutalidade manifesta ou perseguição disfarçada, fora do vaso físico, entram na faixa mental dos ofensores, conhecendo-lhes a enormidade das faltas ocultas, e, ao invés do perdão, com que se exonerariam da cadeia de trevas, empenham-se em vinditas atrozes, retribuindo golpe a golpe e mal por mal.


Outros desencarnados, exigindo que Deus lhes providencie solução aos caprichos pueris e proclamando-se inabilitados para o resgate do preço devido à evolução que lhes é necessária, tornam-se madraços e gozadores, e, alegando a suposta impossibilidade de a Sabedoria Divina dirimir os padecimentos dos homens, pelos próprios homens criados, fogem, acovardados e preguiçosos, aos deveres e serviços que lhes competem.


2 - Qual a terapêutica para o parasitismo da alma, ou obsessão?

André Luiz - Importa observar que todos os sofrimentos e corrigendas a que nos referimos estão conjugados para as consciências encarnadas ou não, dentro da lei de ação e reação que a cada um confere hoje o equilíbrio ou o desequilíbrio, por suas obras de ontem, reconhecendo-se também que assim como existem medidas terapêuticas contra o parasitismo no mundo orgânico, qualquer criatura encontra, na aplicação viva do bem, eficiente remédio contra o parasitismo da alma.

Não bastará, porém, a palavra que ajude e a oração que ilumina. O hospedeiro de influências inquietantes que, por suas aflições na existência carnal, pode avaliar da qualidade e extensão das próprias dívidas, precisará do próprio exemplo, no serviço do amor puro aos semelhantes, com educação e sublimação de si mesmo, porque só o exemplo é suficientemente forte para renovar e reajustar.


A ação do bem genuíno, com a quebra voluntária de nossos sentimentos inferiores, produz vigorosos fatores de transformação sobre aqueles que nos observam, notadamente naqueles que se nos agregam à existência, influenciando-nos a atmosfera espiritual, de vez que as nossas demonstrações de fraternidade inspiram nos outros pensamentos edificantes e amigos que, em circuitos sucessivos ou contínuas ondulações de energia renovados, modificam nos desafetos mais acirrados qualquer disposição hostil a nosso respeito.


Ninguém necessita, portanto, aguardar reencarnações futuras, entretecidas de dor e lágrimas, em ligações expiatórias, para diligenciar a paz com os inimigos trazidos do pretérito, porque, pelo devotamento ao próximo e pela humildade realmente praticada e sentida, é possível valorizar nossa frase e santificar nossa prece, atraindo simpatias valiosas, com intervenções providenciais, em nosso favor.


É que, em nos reparando transfigurados para o melhor, os nossos adversários igualmente se desarmam para o mal, compreendendo, por fim, que só o bem será, perante Deus, o nosso caminho de liberdade e vida.

ANDRÉ LUIZ
(Livro “Evolução em Dois Mundos” - Chico Xavier/Waldo Vieira)

Obsessão (Parte 2 de 3)


- Correntes Mentais e Comportamento -



1 - Existe relação entre obsessão e correntes mentais?
Emmanuel - Quem se refere à obsessão há de reportar-se, necessariamente, às correntes mentais. O pensamento é a base de tudo.

2 - Que imagens reflete o espelho da mente?
Emmanuel - A mente pode ser comparada a espelho vivo, que reflete as imagens que procura.


3 - O que nos acontece moralmente quando emitimos um pensamento?
Emmanuel - Emitindo um pensamento, colocamos um agente energético em circulação, no organismo da vida – agente esse que retornará fatalmente a nós, acrescido do bem ou do mal de que o revestimos.

4 - Qual o nexo existente entre a obsessão e os interesses da criatura?
Emmanuel - A obsessão, em qualquer tipo pelo qual se expresse, está fundamentalmente vinculada aos processos mentais em que se baseiam os interesses da criatura.


5 - É preciso que o obsidiado observe a própria vida mental para contribuir para as próprias melhorias?
Emmanuel - Sim. As correntes mentais são tão evidentes quanto as correntes elétricas, expressando potenciais de energias para realizações que nos exprimem direção, propósito ou vontade, seja para o mal ou para o bem.

6 - Qual o papel do desejo, da palavra, da atividade e da ação no fenômeno obsessivo?
Emmanuel - Cada um de nós é acumulador por si, retendo as forças construtivas ou destrutivas que geramos. Desejo, palavra, atitude e ação representam eletroímãs, através dos quais atraímos forças iguais àquelas que exteriorizamos, no rumo dos semelhantes.

7 - Pode a obsessão transformar-se em loucura?
Emmanuel - Qualquer obsessão pode transformar-se em loucura, não só quando a lei das provações assim o exige, como também na hipótese de o obsidiado entregar-se voluntariamente ao assédio das forças noviças que o cercam, preferindo esse gênero de experiências.


8 - As companhias têm influência na obsessão?
Emmanuel - Assevera o Cristo: “Busca e acharás”. Encontraremos, sim, os companheiros que buscamos, seja para o bem ou para o mal.


9 - O que recebemos dos outros?
Emmanuel - Assimilamos dos outros o que damos de nós.

10 - Quais as conseqüências para quem se detém em qualquer aspecto do mal?
Emmanuel - Deter-nos, em qualquer aspecto do mal, é aumentar-lhe a influência, sobre nós e sobre os outros.


11 - Qual a relação entre os nossos pontos vulneráveis e o retorno do mal que praticamos?
Emmanuel - Compreendendo-se que cada um de nós possui pontos vulneráveis, no estado evolutivo deficitário em que ainda nos encontramos, toda vez que o mal se nos associe a essa ou àquela idéia, teremos o mal de volta a nós mesmos, agravando-se doenças e fraquezas, obsessões e paixões.

EMMANUEL

Obras:
“O Consolador” - Francisco Cândido Xavier
“Leis Do Amor” - Francisco Cândido Xavier & Waldo Vieira

Obsessão (Parte 3 de 3)


- ‘Inimigos’ do Passado e Desobsessão -


1 - Em que tempo e situação no podem atingir os fenômenos deprimentes da obsessão?
Emmanuel - Salientando-se que o pensamento é a alavanca de ligação, para o bem ou para o mal, é muito fácil perceber que os fenômenos deprimentes da obsessão podem atingir-nos, em qualquer condição e em qualquer tempo.

2 - Todos temos desafetos do pretérito?
Emmanuel - Inegável que todos carreamos ainda, do pretérito ao presente, enorme carga de desafetos.


3 - Onde somos defrontados com mais freqüência pelos desafetos do passado? Na Terra ou no Plano Espiritual?
Emmanuel - É compreensível que seja na esfera física que mais direta e freqüentemente nos abordem aqueles mesmos Espíritos a quem ferimos ou com quem nos acumpliciamos na delinqüência.

4 - Se uma criatura desencarna deixando inimigos na Terra; é possível que continue perseguindo o seu desafeto, dentro da situação de invisibilidade?
Emmanuel - Isso é possível e quase geral, no capítulo das relações terrestres, porque, se o amor é o laço que reúne as almas nas alegrias da liberdade, o ódio é a algema dos forçados, que os prende reciprocamente no cárcere da desventura.

Se alguém partiu odiando, e se no mundo o desafeto faz questão de cultivar os gérmens da antipatia e das lembranças cruéis, é mais que natural que, no plano invisível, perseverem os elementos da aversão e da vindita implacáveis, em obediência às leis de reciprocidade, depreendendo-se daí a necessidade do perdão com o inteiro esquecimento do mal, a fim de que a fraternidade pura se manifeste através da oração e da vigilância, convertendo o ódio em amor e piedade, com os exemplos mais santos, no Evangelho de Jesus.


5 - Como poderíamos classificar aqueles que em outras existências nos foram inimigos ou de quem fomos adversários e que, no presente, desempenham, na base da profissão ou da família, o papel de nossos companheiros e de nossos parentes?
Emmanuel - São elas as testemunhas de nosso aperfeiçoamento, experimentando-nos as energias morais, quando não lhes suportamos o permanente convívio, por força das provas regenerativas que trazemos ao renascer. Acompanha-nos por instrumentos do progresso a que aspiramos, vigiam-nos as realizações e policiam-nos os impulsos.

6 - Como se transformam os nossos adversários do passado?
Emmanuel - Nos processos da obsessão, urge reconhecer que os nossos opositores ou adversários se transformam para o bem, à medida que, de nossa parte, nos transformamos para melhor.


7 - Quando estaremos realmente em paz com todos aqueles que ainda são para nós aversões naturais ou pessoas difíceis?
Emmanuel - Um dia, chegaremos a agradecer-lhes a colaboração, imitando o aluno que, incomodado na escola, se rejubila, mais tarde, por haver passado sob as atenções do professor exigente.


8 - As sessões de desobsessão têm valor? Em que condições?
Emmanuel - Toda recomendação verbal e todo entendimento pela palavra, através das sessões de desobsessão, se revestem de profundo valor, mas somente quando autenticados pelo nosso esforço de reabilitação íntima, sem a qual todas as frases enternecedoras passarão, infrutíferas, qual música emocionante sobre a vasa do charco.

9 - Qual a solução mais simples ao problema da obsessão?
Emmanuel - Consagremo-nos à construção do bem de todos; cada dia e cada hora, porquanto caminhar entre Espíritos nobres ou desequilibrados; sejam eles encarnados ou desencarnados, será sempre questão de escolha e sintonia.

EMMANUEL

Obras:
“O Consolador” - Francisco Cândido Xavier
“Leis Do Amor” - Francisco Cândido Xavier & Waldo Vieira

Suicídio e Obsessão.



O suicídio, como ninguém mais ignora, constitui para o Espírito, que a ele se
aventurou em tão adversa hora, um estado complexo de semiloucura, situação crítica e lamentável de descontrole mental, forçando estudos e exames especiais dentro da própria Revelação Espírita. Entretanto, existem nele certos traços gerais, que convêm examinados ainda uma vez:

Os suicídios que tiveram por causa a obsessão de um Espírito perverso, sobre o encarnado, apresentam certa parcela de atenuantes para a vítima e agravantes para o algoz.

Existem suicidas que se viram sugestionados a cometerem o ato terrível, através do sono de cada noite, por uma pressão obsessora do seu desafeto espiritual, desafeto que poderá ser também um espírito encarnado, e à qual não se puderam furtar, tal o paciente que, recebendo do seu magnetizador uma ordem durante o transe sonambúlico, cumpre-a exatamente dentro do prazo determinado por este, mesmo quando se passaram já muitos meses depois da experiência.

Outros existem que não querem absolutamente morrer, não desejam o suicídio; que relutam mesmo contra a idéia por que se vêem atormentados e se horrorizam ao compreender que algo desconhecido
os arrasta para o abismo, abismo esse que temem e ante o qual se apavoram. Apesar disso, sucumbem, precipitam-se nele, uma vez que, deseducados da luz das verdades eternas, desconhecedores do verdadeiro móvel da vida humana, como da natureza espiritual do homem, não lograram forças nem elementos com que se libertarem do jugo mental terrível e malfazejo, cujo acesso permitiram.

Eles vêem junto a si antes de efetivado o ato, com impressionante segurança, tais se materializados fossem diante dos seus olhos corporais, os quadros mentais que o obsessor fornece através da telepatia ou da sugestão: — um receptáculo de veneno ou substância corrosiva; um revólver engatilhado, que misteriosa mão sustém, oferecendo-lho; uma queda de grande altura, onde eles próprios se vêem despenhando; um veículo em movimento, sob o qual se deverá arrojar etc.

Sofrem assim, por vezes, durante meses consecutivos, sem ânimo para confidenciarem com amigos, uma agonia moral extenuante e arrasadora, uma angústia deprimente e inconsolável, que lhes agravam os males que já os infelicitavam, angústia que nenhum vocábulo humano será eficiente para bem traduzir.

Notemos, todavia, que tratamos tão somente da obsessão simples,
ou seja, daquela que é ignorada por todos, até mesmo pelo obsidiado, da que se não revela ostensivamente, objetivando alteração das faculdades mentais, mas que, sutilmente, ocultamente, através de sugestões lentas, sistemáticas, solapa as forças morais da vítima, tornando-a, por assim dizer, incapaz de reações salvadoras.

Pouco a pouco, sob tão doentia pressão magnética, uma tristeza suprema e avassalador desânimo comprometem as energias do assediado. Aterrador alarme desorienta-o, todos os fatos da vida, mesmo os mais vulgares, se lhe apresentam ao raciocínio contaminados pela infiltração obsessora, dramáticos, maus, irremediáveis! Esquece-se ele de tudo, até mesmo do seu Criador, ao qual, em verdade, jamais considerou, mas em cujo amor encontraria proteção e forças para resistir à tentação. E somente se preocupa com o meio pelo qual se furtará aos males que o afligem. Então sucumbe sem apelação, curva-se à vontade que conseguiu dominar a sua vontade, servindo-se da sua fraqueza de homem despreocupado das razões da Vida e ignorante de si mesmo, que da existência só conheceu, muitas vezes, a feição meramente animal.

Daí se concluirá, então, da necessidade de os homens procurarem conhecer a si mesmos, isto é, que possuem nos recessos da personalidade um sexto-sentido, um dom natural
capaz de permitir tais desastres, se se conservar ignorado, e se eles próprios, os seus portadores, preferirem viver alheios às causas sérias e elevadas, que lhes permitiriam a harmonização com estados psíquicos superiores, que de tudo isso os eximiriam, uma vez que o obsidiado possuirá, forçosamente, para que se torne obsidiado, os ditos dons mediúnicos, tal como toda a Humanidade os possui.

Ora, o suicídio, assim efetuado, transformou-se antes num assassínio gravíssimo, contornado de agravantes, cometido pelo obsessor, que responderá pela crueldade exercida, perante a justiça do Criador Supremo.

Quanto ao obsidiado, sua responsabilidade certamente foi profunda, em razão de haver permitido acesso às arremetidas inferiores, por se conservar igualmente inferior, não desejando o próprio progresso com a renovação dos próprios valores morais à procura do ser espiritual e divino existente em si, não tentando reações de ordem moral e mental para dignamente se equilibrar nos deveres impostos pela existência.

Responderá, portanto, pela fraqueza e a descrença que testemunhou, enfrentando, após o suicídio, momentos críticos, decepcionantes, da vida do Além, e retornando à Terra para, em existência nova, terminar a que fora interrompida pela fragilidade demonstrada ao entregar-se às mãos do algoz, sem tentar defender-se com as devidas diligências, ou reações.


Adolfo Bezerra de Menezes
No livro: ‘Dramas da Obsessão’ – Psicografia de: Yvone do Amaral Pereira

23 de nov. de 2011

Perdão em Família.



Quando o ambiente doméstico, à conta de pesados compromissos morais, surgir frustrando os seus anseios sinceros de felicidade, não o abandone, persevere um tanto mais, pois tudo na vida tende a se transformar.


Enquanto não conseguir ser compreendido por quantos se acham ligados a você pelos laços consangüíneos, empregue a compreensão e a paciência necessárias para a manutenção da paz que deseja.


Lembre-se, o irmão difícil provavelmente é o desafeto de ontem que ressurge hoje, à conta de credor lesado, reclamando o ajuste dos nossos débitos.


O cônjuge intransigente quase sempre traz no subconsciente as marcas da incúria com que o ferimos em pretérito distante, transformando o lar de hoje em um verdadeiro laboratório de aprimoramento moral.


Por mais difícil que seja a convivência no lar, não tome atitudes precipitadas. Arme-se de um tanto mais de paciência e procure no companheiro ou na companheira as qualidades e não apenas os defeitos.


Não desdenhe da sabedoria de Deus que colocou vocês juntos para a construção da vossa felicidade.


Cumpra a sua parte. Mude as suas atitudes e pensamentos antes de exigir a mudança dos outros que convivem com você.


Ninguém se descarta de uma convivência necessária sem auferir para si, compromissos ainda mais graves do que aqueles que está vivendo hoje.


Não destrua o lar à conta de interesses egoístas e mundanos. Lembre-se, aqueles que a vida trouxe para junto de nós, os quais muitas vezes não toleramos a presença, não os ajudamos e não aprendemos a amá-los, amanhã, retornarão para junto de nós, impondo-nos condições ainda mais aflitivas.


É assim que uma esposa hoje desprezada poderá retornar amanhã na condição de uma filha problema, obrigando-nos a um sacrifício ainda maior.


Quantos esposos traídos e abandonados no passado estão hoje reencarnados como filhos das esposas infelizes de outrora, cobrando-lhes caro a insensatez da traição e do abandono.


A essas mães e pais, facilmente identificados pela relação difícil com seus filhos, aconselho que façam as mentalizações de reconciliação, ajudando a apagar, do subconsciente dos seus filhos, as imagens negativas registradas no passado.


O lar é o santuário onde devemos construir os alicerces da nossa felicidade. O tributo a pagar é a renúncia e o perdão. Sem pagarmos esse tributo, jamais consolidaremos nossa felicidade.


Antes de bater no peito e gritar pelos seus direitos, observe se está cumprindo as suas obrigações. Não falo das obrigações do pão e do teto, mas das obrigações morais para com a sua esposa ou esposo e para com os seus filhos. Está dando a eles o exemplo de fidelidade, de amor e de compreensão? Já consegue deixar do lado de fora da porta o mau humor e os problemas que não dizem respeito a sua família? Faça a si mesmo estas perguntas e analise profundamente. Fazendo isso, estará se aproximando do auto-conhecimento que levará você a encontrar o caminho da felicidade, se é o que deseja realmente.


Eu vivi uma experiência que me permite falar com propriedade sobre esse assunto:


Estava casado há dois anos. Tinha um filho com um ano e três meses e outro com dois meses e alguns dias. Certa manhã, ao levantar-me para ir ao trabalho, olhei no berço do meu filhinho de dois meses e, com uma dor imensa no coração percebi que estava morto. Depois do choque que tivemos eu e minha esposa, fizemos os preparativos para o funeral. No momento em que o seu corpinho estava sobre a mesa, minha mãe viu o espírito de uma mulher aproximar-se dele, rindo às gargalhadas. A partir desse dia minha vida se transformou.


Minha mulher que nunca fora agressiva, passou a maltratar-me. Os meus negócios começaram a regredir de tal forma que durante o período de oito meses, não consegui sequer pagar o aluguel da casa onde morava. Todos os meus planos pareciam ir por água abaixo, até o alimento ameaçava faltar. Nesse clima difícil, tivemos mais um filho.


O tempo passou...


Com muita luta, consegui equilibrar-me financeiramente, mas o trato com minha mulher piorou, meu primeiro filho que contava quase três anos de idade, afirmava ver uma mulher andando pela nossa casa.


Certo dia, quando retornava do trabalho, sem qualquer motivo, minha esposa tentou agredir-me. Sabendo do que se tratava, mantive a calma. Abri meus braços e orei com fé. Imediatamente ela caiu no chão, logo percebi tratar-se do espírito que minha mãe e meu filho haviam visto. Com palavras amigas, tentei convencê-la a abandonar tal perseguição, porém, seu ódio por mim era tanto que gritava:


– “Maldito... Vou acabar com você!”


Essa cena se repetiu durante quatro anos, duas ou três vezes por semana, e a cada investida eu lhe dava o que havia de melhor em mim, tratando-a com respeito e carinho. Graças ao conhecimento Espírita, eu sabia que algum mal havia feito para aquela irmã, em outra vida.


Eram os últimos dias de junho de 1972. Pela manhã estávamos conversando, eu, minha esposa e meu cunhado, quando a nossa irmã incorporou novamente. Chorava muito. Comovido eu chorei também. Senti que naquele momento havia conquistado o seu perdão. Conversamos em prantos, e quando partiu, prometeu não mais nos molestar. Logo em seguida meu cunhado incorporou um espírito que não revelou seu nome, mas disse-nos o seguinte:


– “Meu irmão, Deus concedeu a vocês a oportunidade de transformar esse ódio em amor. Nossa irmã renascerá como vossa filha, preparem o berço, virá na figura de uma linda menina de olhos claros. Esta é a prova que vos dou.”


Realmente! Em pouco tempo minha mulher concebeu, e em abril de 1973, nasceu minha filha, uma linda menina de olhos claros! Foi uma grande prova, principalmente para minha esposa que ainda tinha algumas dúvidas com relação à vida eterna. Graças às experiências vividas com minha mãe, o fato veio apenas confirmar a fé que cultivo desde criança, sem a qual, meu lar teria desmoronado.


A prova maior veio depois...


Devido ao ódio que a irmã sentia por mim, e que em tão pouco tempo não poderia ser apagado do seu subconsciente, durante a gravidez, minha mulher sentia-se influenciada por ela a ponto de sentir aversão por mim.


Durante os nove meses de gravidez, meu relacionamento com minha esposa foi muito difícil, precisei de muita paciência para superar. Depois que nasceu, quando tinha alguns meses de idade eu não podia tocá-la. Ao pegá-la no colo, imediatamente punha-se aos gritos como se estivesse sentindo dores, bastava entregá-la a alguém, prontamente se acalmava.


Até os três anos de idade tivemos uma relação muito difícil. Sempre me olhava com reserva e raramente respondia às minhas perguntas. Brincava e sorria com todos, menos comigo.


Não fora meu conhecimento espírita, talvez essa aversão tivesse se perpetuado até hoje. Cheguei em alguns momentos a pensar em desistir de conquistá-la, minha dor era muito grande, por mais que eu tentasse aproximar-me, ela rejeitava-me rudemente. Apesar de tudo, continuei insistindo, até que finalmente consegui conquistá-la.


Um dia, ao chegar em casa, estava brincando no jardim, olhei para ela e ao contrário do que sempre fazia que era correr para junto da mãe, correu para mim e, abraçando-me, beijou-me pela primeira vez. Chorei emocionado. Hoje, nos amamos muito!


Nelson Moraes


Extraído do livro: “Perdão - O Caminho da Felicidade!” – Autor: Nelson Moraes / Orientado pelo Espírito Aulus

Solução Natural.


Os espíritos benfeitores já não sabiam como atender à pobre senhora obsidiada.
Perseguidor e perseguida estavam mentalmente associados à maneira de polpa e casca no fruto.

Os amigos desencarnados tentaram afastar o obsessor, induzindo a jovem senhora a esquecê-lo, mas debalde.

Se tropeçava na rua, a moça pensava nele...

Se alfinetava um dedo em serviço, atribuía-lhe o golpe...

Se o marido estivesse irritado, dizia-se vítima do verdugo invisível...

Se a cabeça doía, acusava-o...

Se uma xícara espatifasse, no trabalho doméstico, imaginava-se atacada por ele...

Se aparecesse leve dificuldade econômica, transformava a prece em crítica ao desencarnado infeliz...

Reconhecendo que a interessada não encontrava libertação, por teimosia, os instrutores espirituais ligaram os dois — a doente e o acompanhante invisível — em laços fluídicos mais profundos, até que ele renasceu dela mesma, por filho necessitado de carinho e de compaixão.

Os benfeitores descansaram.

O obsessor descansou.

A obsidiada descansou.

O esposo dela descansou.

Transformar obsessores em filhos, com a bênção da Providência Divina, para que haja paz nos corações e equilíbrio nos lares, muita vez é a única solução.

Hilário Silva - Do livro “Luz no Lar” - Por Espíritos Diversos - Francisco Cândido Xavier - Ed. FEB.

Tormentos da Obsessão.






A obsessão campeia na Terra, em razão da inferioridade de alguns Espíritos que nela habitam.

Mundo de provas e expiações, conforme esclareceu Allan Kardec, é também bendita escola de recuperação e reeducação, onde se matriculam os calcetas e renitentes no mal, que crescerão no rumo da felicidade mediante o contributo das aflições que se lhes fazem indispensáveis.

Alertados para o cumprimento dos deveres morais e espirituais que são parte do programa de crescimento interior de cada qual, somente alguns optam pelo comportamento saudável, o que constitui psicoterapia preventiva contra quaisquer aflições a que pudessem ser conduzidos. No entanto, aqueles que se tornam descuidados dos compromissos de auto-iluminação e de paz enveredam pelas trilhas do abuso das faculdades orgânicas, emocionais e mentais, comprometendo-se lamentavelmente com as soberanas Leis da Vida através da agressão e do desrespeito aos irmãos de marcha evolutiva.

Não é, portanto, de estranhar que a inferioridade daqueles que sofrem injustiças e traições, enganos e perversidades, os arme com os instrumentos covardes da vingança e da perseguição quando desvestidos da indumentária carnal, para desforçarem-se daqueles que, por sua vez, foram motivos do seu sofrimento.

Compreendessem, porém, a necessidade do amor e superariam as ocorrências nefastas, desculpando os seus adversários e dando-lhes ensejo para repararem o atentado praticado contra a Consciência Divina. No entanto, porque também primários nos sentimentos, resolvem-se pelo desforço, atirando-se nas rudes pugnas obsessivas, nas quais, por sua vez, tornam-se igualmente presas das paixões infelizes que combatem nos seus desafetos.

A inteligência e o sentimento demonstram que é muito mais fácil amar, ser fiel, construir a paz, implantar o dever, realizar a própria e contribuir em favor da felicidade alheia, do que semear dissabor, cultivar amargura, distender o ódio e o ressentimento. Não obstante, o egoísmo e a crueldade que ainda vigem nas criaturas humanas quase em geral respondem pela conduta doentia, impulsionando-as para os desatinos e descalabros que se tornam responsáveis pela sua futura desdita.

Negando-se aos sentimentos elevados, o ser transita pelos sítios tumultuados do desespero a que se entrega, quando poderia ascender aos planaltos da harmonia que o aguardam com plenitude.

Enquanto permanece esse estado no comportamento humano, as obsessões se transformam em verdadeiro flagelo para todos aqueles que se deixem aprisionar nas suas amarras.

A obsessão apresenta-se sob muitos disfarces, tornando-se cada vez mais grave na sociedade hodierna que teima em não a reconhecer, nem a considerar.

Religiosos apegados a fanatismo injustificável descartam-na, acreditando-se credenciados a saná-la onde se manifeste, mediante o poder da fé e a autoridade que se atribuem.

Acadêmicos vinculados ao ceticismo em torno da imnortalidade do Espírito nas diversas áreas em que se movimentam, especialmente nas denominadas 'ciências da alma', recusam-se a aceitá-la, convertendo o ser humano a uma situação reducionista, materialista, que a morte consome, aniquilando-o.

Arreligiosos, embriagados pela ilusão dos sentidos ou portadores de empáfia, afirmam-se imunes à enfermidade traiçoeira por indiferença aos elevados fenômenos espirituais, que se multiplicam, volumosos, e são desconsiderados.

Multidões desinformadas da realidade da vida banqueteiam-se na irresponsabilidade, comprometendo-se lamentavelmente através de condutas esdrúxulas e imorais, gerando faturas calamidades para cada um dos seus membros.

E mesmo incontável número de adeptos do Espiritismo, com profundos esclarecimentos e orientação, não poucas vezes opta pela leviandade e arrogância, comprometendo-se com a retaguarda onde ficam em expectativa aqueles que foram iludidos, defraudados, maltratados pela sua insensatez.

A vida sempre convoca à reparação todo aquele que se compromete, perturbando-lhe os estatutos superiores. Ninguém, que defraude a ordem, deixará de sofrer a consequência da atitude irrefletida. Cada ser humano conduz no imo a cruz para o sofrimento ou a transforma em instrumento de ascensão conforme se comporte durante o périplo terreno.

Os sofrimentos, que surpreendem os Espíritos após desvestirem-se da roupagem física, são decorrência natural dos seus próprios atos, assim como as alegrias e bênçãos que desfrutem. Não se tratam, portanto, os primeiros, de punições severas impostas pela Divindade, mas de processo natural de reparação, nem as outras de concessão gratuita oferecidas aos privilegiados. O Amor vige em tudo, facultando aos equivocados os sublimes mecanismos para a reparação dos erros e a edificação no Bem que se encontra ao alcance de todos.

Podemos dizer, portanto, que a obsessão pode ser considerada como o choque de retorno da ação infeliz perpetrada contra alguém que enlouqueceu de dor e de revolta, necessitando de tratamento adequado e urgente.

* * *

Toda semente de ódio, deixada a esmo pelo caminho, sempre se transforma em plantação de infelicidade, proporcionando colheita de amarguras.

Somente o amor possui o recurso precioso para facultar harmonia e alegria de viver.


Do livro: “Tormentos da Obsessão”
Pelo Espírito: Manoel Philomeno de Miranda
Psicografia: Divaldo Pereira Franco

Curas de Obsessões (Parte 1 de 2)



Escrevera-nos de Cazères, em 7 de janeiro de 1866:

Eis um segundo caso de obsessão, que empreendemos e levamos a bom fim durante o mês de julho último. A obsidiada tinha a idade de vinte e dois anos; gozava de uma saúde perfeita; apesar disto, foi de repente vítima de acessos de loucura; seus pais afizeram cuidar por médicos, mas inutilmente, porque o mal, em lugar de desaparecer, tornava-se cada vez mais intenso, ao ponto que, durante as crises, era impossível contê-la.

Os pais, vendo isto, segundo o conselho dos médicos, obtiveram sua admissão em uma casa de alienados, onde seu estado não experimentou nenhuma melhora. Nem eles nem a doente jamais se ocuparam do Espiritismo, que mesmo não conheciam; mas tendo ouvido falar da cura de Jeanne R..., da qual convosco conversei, vieram nos procurar para nos pedir se poderíamos fazer alguma coisa por sua infeliz filha.

Respondemos que não poderíamos nada afirmar antes de conhecer a verdadeira causa do mal. Nossos guias, consultados em nossa primeira sessão, nos disseram que essa jovem estava subjugada por um Espírito muito rebelde, mas que acabaríamos por conduzi-lo a um bom caminho, e que a cura que se seguiria nos daria a prova da verdade desta afirmação.

Em consequência, escrevi aos pais, distantes de nossa cidade 35 quilômetros, que sua filha se curaria, e que a cura não demoraria muito tempo para chegar, sem, no entanto, poder precisar-lhe a época.

Evocamos o Espírito obsessor durante oito dias seguidos e fomos bastante felizes por mudar suas más disposições e fazê-lo renunciar a atormentar sua vítima. Com efeito, a doente sarou, como o haviam anunciado nossos guias.

Os adversários do Espiritismo repetem sem cessar que a prática desta Doutrina conduz ao hospital. Pois bem! Podemos dizer-lhes, nesta circunstância, que o Espiritismo de lá fez sair aqueles que a tinham feito entrar.”

Este fato, entre mil, é uma nova prova da existência da loucura obsessional, cuja causa é diferente daquela da loucura patológica, e diante da qual a ciência fracassará enquanto se obstinar a negar o elemento espiritual e sua influência sobre o organismo.

O caso aqui é bem evidente: eis uma jovem apresentando de tal modo os caracteres da loucura, que os médicos a desprezaram, e que está curada, a várias léguas de distância, por pessoas que jamais a viram, sem nenhum medicamento nem tratamento médico, e unicamente pela moralização do Espírito obsessor. Há, pois, Espíritos obsessores cuja ação pode ser perniciosa para a razão e a saúde.

Não é certo que se a loucura tivesse sido ocasionada por uma lesão orgânica qualquer, esse meio teria sido impotente? Se se objetasse que essa cura espontânea pode ser devida a uma causa fortuita, responderíamos que se não tivesse a citar senão um único fato, sem dúvida, seria temerário disso deduzir a afirmação de um princípio tão importante, mas os exemplos de curas semelhantes são muito numerosos; não são o privilégio de um indivíduo, e se repetem todos os dias em diversas regiões, sinais indubitáveis de que repousam sobre uma lei natural.

Citamos várias curas deste gênero, notadamente nos meses de fevereiro de 1864 e janeiro de 1865, que contêm duas relações completas eminentemente instrutivas. Eis um outro fato, não menos característico, obtido no grupo de Marmande:

Numa aldeia, a algumas léguas dessa cidade, tinha um camponês atacado de uma loucura de tal modo furiosa, que perseguia as pessoas a golpes de forcado para matá-las, e que na falta de pessoas, atacava os animais do galinheiro.

Ele corria sem cessar pelos campos e não voltava mais para sua casa. Sua presença era perigosa; assim, obteve-se sem dificuldade a autorização de interná-lo na casa dos alienados de Cadillac.

Não foi sem um vivo desgosto que a sua família se viu forçada a tomar essa decisão.

Antes de levá-lo, um de seus parentes tendo ouvido falar das curas obtidas em Marmande, em casos semelhantes, veio procurar o Sr. Dombre e lhe disse: “Senhor, me disseram que curais os loucos, é por isso que venho vos procurar.”

Depois lhe contou do que se tratava, acrescentando: “É que, vede, isso nos dá tanta pena de nos separar desse pobre J... que gostaria antes de ver se não há um meio de impedi-lo.”

- “Meu bravo homem, disse-lhe o Sr. Dombre, não sei quem me deu essa reputação; triunfei algumas vezes, é verdade, em devolver a razão a pobres insensatos, mas isto depende da causa da loucura. Embora não vos conheça, vou ver, no entanto, se posso vos ser útil.”

Tendo ido imediatamente com o indivíduo à casa de seu médium habitual, obteve de seu guia a segurança de que se tratava de uma grave obsessão, mas que com a perseverança dela triunfaria. Sobre isto disse ao camponês: “Esperai ainda alguns dias antes de conduzir vosso parente a Cadillac; dele iremos nos ocupar; retornai a cada dois dias para dizer-me como ele se encontra.”

Desde esse dia se puseram à obra. O Espírito se mostrou, de início, como seus semelhantes, pouco tratável; pouco a pouco, acabou por humanizar-se, e, finalmente, por renunciar a atormentar esse infeliz.

Um fato bastante particular é que ele declara não ter nenhum motivo de ódio contra esse homem; que, atormentou por necessidade de fazer o mal, nisso se prendeu a ele como a qualquer outro; que reconhecia agora ter errado e disto pedia perdão a Deus.

O camponês retornou depois de dois dias, e disse que seu parente estava mais calmo, mas que não tinha ainda retornado para sua casa, e se escondia nas cercas vivas. Na visita seguinte, ele havia retornado à casa, mas estava sombrio, e se mantinha afastado; não procurava mais ferir ninguém. Alguns dias depois, ia à feira e fazia seus negócios, como de hábito.

Assim, oito dias tinham bastado para reconduzi-lo ao estado normal, e isto sem nenhum tratamento físico. É mais que provável que, se o tivesse encerrado com os loucos, teria perdido completamente a razão.

Fonte: Revista Espírita, 1866 – Allan Kardec